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Uma em cada três crianças no mundo exposta a grave escassez de água, diz Unicef

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Uma em cada três crianças em todo o mundo, ou seja 739 milhões, vive em áreas expostas a escassez elevada ou muito elevada de água, e as mudanças climáticas ameaçam piorar a situação, de acordo com um novo relatório da Unicef. Lançado às vésperas da cúpula sobre mudanças climáticas COP 28, que começa no dia 30 no Dubai, o relatório “A Criança Mudada pelo Clima, esta agência das Nações Unidas diz esperar que os líderes mundiais e a comunidade internacional tomem medidas criticas com e para as crianças e adolescentes para garantir um planeta habitável. 

O relatório destaca a ameaça que as crianças enfrentam como resultado da vulnerabilidade da água, uma das formas como os impactos das alterações climáticas se manifestam. Fornece uma análise dos impactos de três níveis de segurança hídrica – escassez de água, vulnerabilidade hídrica e estresse hídrico e descreve outras formas pelas quais as crianças suportam o peso dos impactos da crise climática – incluindo doenças, poluição do ar e eventos climáticos extremos, como inundações e secas. 

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De acordo com o documento, desde o momento da concepção até a idade adulta, a saúde e o desenvolvimento do cérebro, dos pulmões, do sistema imunológico e de outras funções críticas das crianças elas são afetadas pelo ambiente em que crescem. Por exemplo, as crianças têm maior probabilidade de sofrer com a poluição atmosférica do que os adultos porque, geralmente, respiram mais rápido e seus cérebros, pulmões e outros órgãos ainda estão em desenvolvimento.

“As consequências das mudanças climáticas são devastadoras para as crianças”, afirmou a diretora executiva do Unicef, Catherine Russell. “Seus corpos e mentes são particularmente vulneráveis ao ar poluído, à má nutrição e ao calor extremo. Não só o seu mundo está mudando – com as fontes de água estão a secar e os eventos climáticos terríveis estão mais fortes e mais frequentes –, mas também o seu bem-estar, uma vez que as mudanças climáticas afetam a sua saúde mental e física. As crianças estão demandando mudanças, mas as suas necessidades são frequentemente relegadas a segundo plano”.

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Conforme as conclusões do relatório, a maior parte das crianças está exposta nas regiões do Oriente Médio, Norte de África e Ásia Meridional – o que significa que vivem em locais com recursos hídricos limitados e elevados níveis de variabilidade sazonal e interanual, declínio dos lençóis freáticos ou risco de seca. Crianças demais – 436 milhões – enfrentam o duplo fardo da escassez de água alta ou extremamente alta e dos níveis de serviço de água potável baixos ou muito baixos – conhecidos como extrema vulnerabilidade hídrica –, colocando sua vida, sua saúde e seu bem-estar em risco. É uma das principais causas de mortes entre menores de 5 anos por doenças evitáveis.

Diz que as pessoas mais afetadas vivem em países de baixa e média renda na África ao sul do Saara, na Ásia Central e Meridional, na Ásia Oriental e no Sudeste da Ásia. Em 2022, 436 milhões de crianças viviam em áreas que enfrentavam extrema falta de água. Entre os países mais afetados estão o Níger, a Jordânia, Burkina Faso, o Iêmen, o Chade e a Namíbia, onde oito em cada dez crianças estão expostas.

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Para o Unicef, o investimento em serviços de água potável e saneamento constitui uma primeira linha de defesa essencial para proteger as crianças dos impactos das mudanças climáticas. As mudanças climáticas também estão levando a um aumento do estresse hídrico – o ratio entre a procura de água e as fontes renováveis disponíveis –, alerta o relatório. Até 2050, prevê-se que 35 milhões de crianças a mais estejam expostas a níveis elevados ou muito elevados de estresse hídrico, sendo que o Oriente Médio, o Norte de África e a Ásia Meridional enfrentam atualmente as maiores mudanças.

Apesar da sua vulnerabilidade, diz, as crianças têm sido ignoradas ou desconsideradas nas discussões sobre as mudanças climáticas. Por exemplo, apenas 2,4% do financiamento climático proveniente dos fundos multilaterais para o clima apoia projetos que incorporam atividades relacionadas às crianças.

Na COP28, o Unicef está a pedir aos líderes mundiais e à comunidade internacional para que tomem medidas críticas com e para as crianças e adolescentes para garantir um planeta habitável. Pede, por exemplo, que as crianças e os adolescentes sejam elevadas no âmbito da decisão final da COP28 e convocar um diálogo de especialistas sobre crianças e mudanças climáticas. Incorporar as crianças e os adolescentes e a equidade intergeracional no Balanço Global, inclui-los e os serviços essenciais resilientes às mudanças climáticas na decisão final sobre o Objetivo Global para a Adaptação (Global Goal for Adaptation – GGA) e garantir que o Fundo para Perdas e Danos e os mecanismos de financiamento sejam sensíveis às crianças e aos adolescentes, com os direitos da criança incorporados na governança do fundo e no processo de tomada de decisões são outras exigências do Unicef.

Para além da COP28, o UNICEF está a pedir às partes para que tomem medidas para proteger a vida, a saúde e o bem-estar das crianças e dos adolescentes – nomeadamente adaptando os serviços sociais essenciais, capacitando cada criança e cada adolescente para que sejam defensores do ambiente e cumprindo os acordos internacionais de sustentabilidade e mudanças climáticas. incluindo a rápida redução das emissões de gases de efeito estufa. “As crianças e os jovens têm feito consistentemente para que as suas vozes sejam ouvidas sobre a crise climática, mas quase não têm um papel formal na política climática e na tomada de decisões. Raramente são considerados nos planos e ações de adaptação climática, mitigação ou financiamento”, disse Russell. “É nossa responsabilidade coletiva colocar todas as crianças no centro da ação climática global urgente”, finalizou. 

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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