A Transportadora Aérea Portuguese teve um prejuízo de quase 1.600 milhões de euros no ano passado, apesar do aumento do número de passageiros transportados e das receitas relativamente ao ano anterior. A companhia explica que “a primeira metade de 2021 foi marcada por severas restrições à mobilidade doméstica e internacional devido à pandemia de covid-19, levando a uma imobilização quase total dos aviões da companhia aérea durante vários meses”, já em relação ao segundo semestre, diz, foi-se verificando a reabertura gradual das fronteiras, apesar de dois dos principais mercados da TAP, Brasil e Estados Unidos, só terem retomado os voos internacionais com Portugal durante o último trimestre do ano.
Em uma longa reportagem, o Jornal Sol, que cita um comunicado da empresa, diz que no final de 2021, com a aprovação do Plano de Reestruturação e com o objetivo de concentrar a TAP no negócio do transporte aéreo, foi tomada a decisão de alienar ou encerrar algumas das participadas, nomeadamente a TAP ME Brasil, “cujo desempenho histórico se tinha refletido em crescentes perdas acumuladas”. Esta decisão resultou em custos não recorrentes de 1.024,9 milhões – por exemplo, com o encerramento das operações de manutenção no Brasil – que tiveram impacto nos resultados. “Deve também ser destacado o impacto líquido negativo das diferenças cambiais (EUR 175,5 milhões) relacionado com a depreciação do euro face ao dólar (com um forte impacto nas rendas futuras e, portanto, sem impacto em caixa neste ano), e também a depreciação do real face ao euro”, detalha.
A companhia aérea esclarece ainda que as receitas operacionais atingiram os 1.388,5 milhões de euros, um aumento de 328,4 milhões (+31,0%) em comparação com as receitas operacionais de 2020. Além do aumento das receitas de passageiros de 218,8 milhões de euros, “este valor foi particularmente favorecido pelo aumento das receitas de carga e correio, que aumentaram 88% (110,5 milhões), compensando na totalidade o declínio de EUR 13,7 milhões (-20,1% YoY) das receitas de manutenção”, mas acena com uma “recuperação significativa do EBITDA recorrente no segundo semestre, anulando as perdas operacionais registadas durante o primeiro semestre, permitindo que 2021 fosse encerrado com um EBITDA recorrente positivo de 11,7 milhões de euros”.
Em termos de liquidez, tal como em 2020, a TAP refere que continuou a concentrar-se nas medidas de proteção de liquidez, “beneficiando dos aumentos de capital de maio e dezembro de 2021 de 462 milhões e 536 milhões, respetivamente (no contexto da compensação de danos da covid-19 e do auxílio à reestruturação)” e que terminou o ano com 812,6 milhões de euros em caixa (+57% do que no início do ano).
Impacto da guerra
A TAP afirma que a guerra na Ucrânia tem originado impactos macroeconómicos relevantes, em particular ao nível dos mercados de financiamento internacionais, nomeadamente de subida das taxas de juro, bem como do aumento do preço dos combustíveis, incluindo do jet fuel, “que registou um crescimento de mais de 30% desde o início do conflito, e de um conjunto de bens e serviços o que tem originado uma crescente inflação”.
“Adicionalmente, o conflito originou restrições de circulação do espaço aéreo próximo daquela região, restrições essas que se mantêm à data de aprovação destas demonstrações financeiras, bem como a imposição de sanções de natureza económica, financeira e outras à Federação Russa e a indivíduos associados ao regime Russo por parte da União Europeia, dos Estados Unidos e outros países, com impactos ao nível da circulação de pessoas, mercadorias e fluxos financeiros.”
A companhia sublinha ainda a incerteza na duração, extensão e impacto deste conflito, assim como das respetivas sanções impostas, insistindo que é impossível prever os eventuais efeitos que dele resultem, “incluindo dos impactos na inflação e no preço dos combustíveis nos próximos meses e anos.
Fonte: Sol.pt