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Protestos históricos no México após homicídio de mais três repórteres

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O México vive uma histórica mobilização de jornalistas em protesto contra o perigo que se vive na sua profissão. Milhares de jornalistas de todos os 32 estados do país saíram às ruas, em manifestações que ocorreram em 47 cidades mexicanas, pelas mortes violentas que estão a ocorrer na sua classe. Exigem uma acção efetiva do Governo para pôr cobro à situação.

As mortes mais recentes foram as da jornalista Lourdes Maldonado, que supostamente devia ter proteção do Governo (ao abrigo do Programa de Proteção a Jornalistas da Baixa Califórnia). A jornalista foi assassinada a tiro perto da sua casa, em Tijuana, a 23 de janeiro. Também em Tijuana já tinha sido morto o fotojornalista Margarito Martínez a 17 de janeiro, baleado ao entrar no seu carro. Uma terceira morte no país este mês foi a de José Luís Arenas, assassinado a 10 de janeiro no estado de Veracruz, a leste do México.

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“Basta de jornalistas assassinados” ou “No México reportagem mata” foram alguns dos slogans entoados no protesto nacional de jornalistas em manifestações pacíficas, exigindo justiça. A maioria das mobilizações ocorreram na última terça-feira à noite, com velas acesas e os participantes vestidos de preto, exibindo fotos dos jornalistas assassinados.

O Governo do México informou que, por “instrução presidencial” , enviou uma equipa especializada à cidade de Tijuana, no estado da Baja California, para investigar o assassinato dos dois jornalistas ocorrido na semana passada.

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Desde 2000, 143 jornalistas foram assassinados no país, 28 deles desde 2018 no mandato do actual presidente, Andrés Obrador. Os sistemas federais também dão conta que a cada 12 horas é registado um ataque à imprensa no México. Os apelos face à esta crescente onda de violência contra jornalistas que se agravou desde a chegada de Obrador ao governo fizeram-se nestas que já são consideradas as maiores manifestações na Cidade do México, com centenas de pessoas a protestar em uníssono junto ao edifício do Ministério do Interior, numa acção nunca vista até ao momento.

“A violência contra a imprensa é um dos problemas históricos que a sociedade mexicana tem enfrentado e, infelizmente, está em ascensão”, enfatizou um dos manifestantes na Cidade do México, Juan Vázquez, à agência EFE, salientando que “as acções do Estado revelam boa vontade, mas não têm sido suficientes”.

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Além da manifestação que ocorreu na Cidade do México, outra das mais marcantes, pelo número de jornalistas e activistas presentes, aconteceu em Guadalajara, com os protestos a exigir ações de justiça urgentes face ao caso dos três repórteres assassinados em janeiro.

Pelo menos sete jornalistas foram assassinados no México em 2021, segundo os Repórteres Sem Fronteiras, tornando o país no “mais mortífero do mundo para a imprensa”. O México se tornou particularmente perigoso para jornalistas que relatam casos anti-corrupção desde que o país ascendeu no patamar do narcotráfico global, com o enfraquecimento dos cartéis de droga em Medellín, na Colômbia na década de 90.

C/Expresso e Brasil de Fato

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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