O primeiro-ministro italiano ameaçou demitir se os líderes dos dois partidos da coligação que formam o governo não acabarem com as suas disputas, acusações e desconfianças. “Não estou para andar aqui à deriva”, avisou Giuseppe Conte, deixando um ultimato a Matteo Salvini e a Luigi Di Maio: “Se eles não assumirem as suas responsabilidades eu demito-me”.
Os líderes da Liga e do Movimento 5 Estrelas, aliados numa desde 2018, não se entendem em diversos temas, desde a cedência de um convento cartuxo para criar a escola de nacionalistas de Steve Bannon, até à demissão do subsecretário de Estado dos Transportes por suspeitas de corrupção e de ligações à máfia, passando pela intenção de suspender, durante dois anos, o rígido código de conduta que retira autonomia às regiões e estabelece regras muito apertadas para a construção de novos edifícios.
A suspensão do código, criado para evitar a proliferação de negócios da máfia, é proposta pela Liga de Salvini. O ministro dos Transportes, Danilo Toninelli, membro do 5 Estrelas, classificou a ideia como “estúpida” e, à rádio 24, considerou que ela “tem apenas um objetivo” que é o de “criar um pretexto para criar o caos e fazer cair o governo”.
Face às ameaças de Conte, tanto Salvini como Di Maio prometeram entender-se. O vice-primeiro-ministro e ministro do Interior, que gosta de agir como se fosse ele o primeiro-ministro de Itália, estabeleceu um prazo. “Se, após umas quantas semanas, percebermos que continuamos a dizer as mesmas coisas, com os mesmos atrasos, com os mesmos adiamentos, então sim teremos um problema”, declarou Salvini, à rádio RTL.
Além da ameaça de demissão, Conte disse também a Salvini que a Itália tem que cumprir as regras fiscais da UE, até que consiga promover as mudanças porque, neste momento, Roma não tem dinheiro e não pode assegurar a despesa necessária para cumprir as promessas que tem feito aos eleitores.
Na quarta-feira, espera-se que a Comissão Europeia imponha procedimentos contra os italianos por questões orçamentais, numa altura em que o governo Conte-Salvini-Di Maio falhou em reduzir o défice. Refira-se que, pela primeira vez na história da instituição, na fase do visto prévio, Bruxelas chumbou o Orçamento do Estado para 2019 de Itália.
C/DN