A Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) marcaram uma reunião de presidentes, na próxima quinta-feira, 30, para discutir as deportações de imigrantes nos Estados Unidos pelo novo governo de Donald Trump. O encontro foi convocado em “caráter urgente” por Honduras, que exerce a presidência rotativa do bloco, composto por 33 países da região.
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Em causa está a decisão de Trump de deportar milhões de estrangeiros do território norte-americano, uma das primeiras medidas aprovadas na primeira semana de presidência da Casa Branca. A reunião, que será híbrida – presencial ou virtual dependendo da disponibilidade e disposição de cada chefe de Estado e de governo -, tentará conseguir uma posição comum dos países da região em resposta à posições de força tomadas pelo novo presidente norte-americano.
Trump está a prender e a deportar centenas de cidadãos latino-americanos que trabalhavam nos EUA sem visto de residência, o que é um direito do país, mas optando por uma metodologia que indignou executivos de vários países. Na sexta-feira, 158 pessoas deportadas para o Brasil chegaram ao Aeroporto Internacional de Manaus, capital do estado brasileiro do Amazonas, algemadas e com correntes nos pés, como se fossem criminosos altamente perigosos.
Ao serem libertados pela Polícia Federal brasileira após momentos de muita tensão com os militares americanos que compunham a tripulação, os deportados denunciaram que durante o longo voo de milhares de quilómetros entre os EUA e o Brasil não tiveram acesso às casas de banho, não receberam água e, quando reclamavam, eram agredidos pelos americanos.
Ontem, domingo, Colômbia entrou em rota de colisão com os EUA ao recusar receber dois voos com deportados, o que o México também tinha feito o mesmo no sábado. Trump retaliou a Colômbia impondo tarifas extras de 25% a 50% sobre todos os produtos colombianos, o presidente Gustavo Petro reagiu impondo as mesmas taxas aos produtos dos EUA.
O Brasil, cujo presidente, Luís Inácio Lula da Silva, não quer abrir uma crise diplomática com Donald Trump, deve enviar esta segunda-feira um pedido de explicações ao governo dos EUA sobre o tratamento dado aos brasileiros deportados sexta-feira. Mas dificilmente Lula, que atravessa uma forte impopularidade interna e externa, adotará uma posição mais dura, até porque os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás somente da China.
C/Agências