Centenas de pessoas tiveram que ser retiradas de suas casas por causa de incêndios florestais que atingiram a França, Espanha e Portugal, informou a agência Reuters. A Europa enfrenta uma onda de calor, com temperaturas recordes no Reino Unido. E a situação poderá agravar-se na próxima semana, de acordo com as previsões meteorológicas.
Na França, mais de mil bombeiros, apoiados por aviões bombardeiros de água, lutam desde terça para controlar dois incêndios no sudoeste do país, causados pelo calor, condições de fogo e ventos fortes. Em Gironde, no sudoeste do país, 11,3 mil pessoas foram retiradas de casa. Cerca de 7.350 hectares de terra foram queimados. As autoridades alertam que os incêndios ainda não foram estabilizados.
Em Portugal, embora as temperaturas tenham caído, devem chegar a 40ºC em algumas zonas, com cinco distritos em alerta vermelho para condições climáticas extremas. Há mais de mil bombeiros combatendo 13 incêndios florestais. Na Espanha, o Ministério do Ambiente diz que estão a combater 17 incêndios florestais em todo o país. O trabalho agrícola envolvendo máquinas foi restringido.
Na Catalunha, as autoridades suspenderam as actividades de acampamento e desporto em 275 cidades e vilarejos para evitar riscos de incêndio. As áreas da Galícia e da Extremadura permanecem em alerta para temperaturas que devem chegar a 44ºC. Já na Croácia aviões de combate a incêndios despejaram água sobre florestas em chamas na quinta-feira, e tropas foram chamadas para ajudar bombeiros que lutam para conter três grandes incêndios florestais.
Ameaças à saúde
Com as temperaturas altas, autoridades de vários países europeus emitiram alertas de saúde por causa da onda de calor nos próximos dias. Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o calor deve reter a poluição no ar, diminuindo a sua qualidade, especialmente nas cidades.
Na semana de 7 a 13 de julho, Portugal registou 238 mortes devido à onda de calor. A temperatura mais alta na última quinta-feira foi registrada na cidade de Pinhão, no norte do país, com 47ºC, abaixo do recorde de 47,4ºC, visto em Amareleja em agosto de 2003. Mas o pior cenário previsto é o da Grã-Bretanha, segundo a Reuters. Pela primeira vez, a previsão do tempo do país emitiu um alerta vermelho de “calor extremo” para partes da Inglaterra. Na próxima segunda e terça-feira , as temperaturas devem atingir níveis recordes, desencadeando um nível de alerta de “emergência nacional”.
A temperatura mais alta já registrada no país foi de 38,7°C, no jardim botânico da Universidade de Cambridge, em 25 de julho de 2019. Mas, agora, a previsão é de temperaturas de 40°C pela primeira vez na história. “Temperaturas excepcionais, talvez recordes, devem ocorrer no início da próxima semana”, disse o chefe do serviço meteorológico britânico, o Met Office, Paul Gundersen.
A previsão é de 50% de chance de temperaturas acima de 40°C e 80% de uma nova temperatura máxima ser atingida. “As noites também devem ser muito quentes, especialmente nas áreas urbanas”, reforçou. “Isso provavelmente levará a impactos generalizados nas pessoas e na infraestrutura”.
Para Hannah Cloke, especialista em clima da Universidade de Reading, a onda de calor mostrou que as mudanças climáticas estão aqui e há uma necessidade urgente de adaptação. “Estamos vendo esses problemas agora e vão piorar. Precisamos fazer algo agora. É mais difícil lidar com esses tipos de temperaturas no Reino Unido porque não estamos acostumados a elas”, declarou à Reuters.
C/Reuters e Globo