O Alto Comissário das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos condenou os insultos discriminatórios proferidos contra o o jogador Vinícius Júnior, e pediu aos organizadores de eventos desportivos que implementem “estratégias para evitar o racismo no desporto”. O Real Madrid, clube representado pelo atleta, condenou a Federação de Futebol de Espanha, a quem chamou de passiva no combate ao racismo no futebol do país, e pediu ainda ação da Procuradoria-Geral da Espanha. Já LaLiga Santander, primeira divisão do campeonato espanhol de futebol, deverá sofrer um prejuízo avaliado em 4,8 mil milhões de euros por alegada perda de valor da imagem perante o mercado.
“Os insultos contra Vinícius Júnior mostram a influência do racismo no desporto. Peço aos organizadores de eventos que usem estratégias para o evitar e erradicar”, afirmou Volker Tur, que diz acreditar que, para erradicar a discriminação racial, “é essencial começar por ouvir os afrodescendentes e envolvê-las, dando passos reais para responder às suas preocupações”.
Turk garantiu ainda que a estrutura que dirige está disponível para dar “às federações desportivas um guia sobre aplicação de políticas de direitos humanos, luta contra a estigmatização, racismo e discriminação da comunidade LGBTQ+”. Estabeleceu, por outro lado, uma relação entre os insultos ao avançado brasileiro e o homicídio de George Floyd, ocorrido há cerca de três anos nos Estados Unidos, após um ato de violência policial. “Está claro que não se conseguirá resolver o problema da brutalidade policial contra afrodescendentes se não se conseguir ligar com o problema mais amplo das manifestações sistemáticas de racismo que ‘inundam’ as nossas vidas”, disse.
No domingo, durante o jogo com o Valência, o jovem avançado brasileiro do Real Madrid foi, mais uma vez, alvo de insultos racistas por parte de alguns adeptos, que motivaram reações de vários quadrantes, nomeadamente do presidente do Brasil, Lula da Silva, e do líder da FIFA, Gianni Infantino.
Nos últimos meses, Vinícius tem sido alvo de vários insultos racistas e, no final de janeiro, foi o protagonista de um episódio que levou a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a enviar uma carta às entidades que regem o futebol (FIFA, UEFA e CONMEBOL) a solicitar medidas concretas para punir os comportamentos racistas e aumentar a consciencialização sobre o tema.
Os insultos a Vinícius no Estádio Mestalla levaram a Liga espanhola de futebol a anunciar que vai solicitar alterações à legislação contra a violência, o racismo, a xenofobia e a intolerância no desporto. Entretanto, o Comité de Competição da federação espanhol puniu o Valência com o fecho parcial de uma das bancadas do Estádio Mestalla, por cinco encontro.
Mas o episódio envolvendo Vinicius Jr não foi o primeiro e muito menos é fato raro no futebol espanhol. Há décadas, casos do tipo são relatados, envolvendo outros atletas brasileiros, caso do Ronaldo, Daniel Alves e Marcelo, mas também o atacante da Costa Rica Paulo Wanchope, o camaronês Samuel Eto’o, de entre tantos outros jogadore disputam a liga espanhola, cuja imagem foi gravemente afectada.
Segundo especialistas, LaLiga Santander, entidade que gere a primeira divisão do campeonato espanhol de futebol, deverá sofrer um prejuízo avaliado em 4,8 mil milhões de euros por alegada perda de valor da imagem no mercado. Esta já reagiu dizendo que vai investigar o caso, sendo que, para isso, solicitou todas as imagens disponíveis. E, se necessário, vai tomar todas as medidas cabíveis.
C/Agências de notícias