A iraniana Narges Mohammadi, que está presa, inicia uma nova greve de fome este domingo, dia da cerimónia de entrega do Prémio Nobel da Paz em Oslo, na qual vai ser representada por seus filhos, anunciou a sua família. Mohammadi, que protesta contra o uso obrigatório do véu para as mulheres e a pena de morte no Irão, realiza esta greve “em solidariedade à minoria religiosa bahá’í”.
“Ela não está aqui conosco hoje, está na prisão e fará greve de fome em solidariedade a uma minoria religiosa”, disse o irmão mais novo, Hamidreza Mohammadi, em uma breve declaração à imprensa. O marido da ativista, Taghi Rahmani, afirmou que este gesto será dedicado à minoria bahá’í. Duas das suas principais figuras também estão em greve de fome. “Ela me disse: Vou começar minha greve de fome no dia em que me derem o prêmio, talvez, então, o mundo ouça mais sobre isso”, explicou.
A comunidade bahá’í, principal minoria religiosa do Irão, é alvo de discriminação sistemática pelas autoridades, segundo os seus representantes. Mohammadi, detida desde 2021 na prisão de Evin, em Teerã, fez greve de fome durante alguns dias no início de novembro porque as autoridades penitenciárias não queriam transferi-la para o hospital por ela se recusar a cobrir a cabeça com um véu.
Narges Mohammadi recebeu o Prémio Nobel da Paz em outubro “por sua luta contra a opressão das mulheres no Irã e seu combate para promover os direitos humanos e a liberdade para todos”. Foi entregue após um movimento de protesto no Irã pela morte, sob custódia policial, de Mahsa Amini, que foi detida por supostamente ter violado o código de vestimenta feminino do país.
Os pais e o irmão de Mahsa iriam receber o Prémio Sakharov, a título póstumo à jovem, em uma cerimónia na França. Mas as autoridades iranianas os impediram de viajar. Já Narges será representada em Oslo por seus filhos, exilados na França desde 2015, e que não veem a mãe há quase nove anos.
C/Agências