Uma mulher e dois jovens, de 19 e 22 anos, foram mantidos em cárcere privado por 17 anos no bairro de Guaratiba, na zona oeste do Rio de Janeiro, tendo sido resgatados, após uma denúncia anónima encaminhada por vizinhos à polícia. Estavam desnutridos e nunca tiveram permissão para sair ou frequentar a escola, disse a mulher e testemunhas quando aconteceu o resgate.
O suspeito, conhecido como “DJ”, foi preso e as vítimas foram encaminhadas para um hospital. Mãe e filhos, que ainda não têm previsão de alta, estavam em condições de maus-tratos e desnutridos quando foram resgatados. “Os três pacientes apresentam quadro de desidratação e desnutrição grave, porém já foram estabilizados e estão recebendo todos os cuidados clínicos necessários, além do acompanhamento dos serviços social e de saúde mental”, informou a secretaria Municipal de Saúde.
A alcunha do homem, que é pai dos dois jovens, deve-se ao facto de este colocar música com um volume alto para abafar os gritos de socorro das vítimas.
“Ela disse que não via a luz do dia há 17 anos, era a primeira vez neste tempo todo. Dizia sentir dor pela luz do sol. Nós demos-lhe água, perguntei se ela tinha comido alguma coisa e se queria comer, ela disse que não. Dizia ‘não, não, não, eu não posso comer, ele não deixa a gente comer sem autorização dele'”, contou o capitão William Oliveira, chefe do setor operacional do 27º BPM, aos jornalistas.
“Expliquei que ela e os filhos estavam em liberdade e que o homem tinha sido preso, mas ainda assim, ela insistiu e não comeu nada”, acrescentou, realçando que os policiais encontraram mãe e filhos amarrados. Estavam sujos e subnutridos. “A situação era estarrecedora. A preocupação imediata foi prestar socorro médico”.
Os filhos têm 19 e 22 anos, mas aparentam ter muito menos por causa da desnutrição.
C/Globo