A campanha para as eleições legislativas de 10 de março na Guiné-Bissau arranca este sábado com 21 partidos políticos a disputarem os 102 lugares no parlamento, com apelos ao civismo e respeito pela lei eleitoral.
O dois maiores partidos, Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e o Partido de Renovação Social (PRS), começam com as suas campanhas com comícios em Gabu, segunda cidade da Guiné-Bissau.
Já o Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), partido criado por um grupo de dissidentes do PAIGC que venceu as legislativas de 2014, vai fazer o seu arranque de campanha na cidade de Bafatá.
Mas a tensão política, que começou em 2015 depois da demissão de Domingos Simões, presidente do PAIGC, do cargo de primeiro-ministro e que se adensou com os problemas registados no recenseamento, é visível.
Os cadernos eleitorais definitivos ainda não foram divulgados pelo Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral, o que tem provocado um aumento da crispação entre alguns partidos políticos e o Governo.
Um protesto de estudantes na semana passada, que culminou em distúrbios e actos de vandalismo, também foi criticado por vários quadrantes políticos, que consideraram que o objetivo era adiar as eleições de 10 de março, que estiveram inicialmente marcadas para 18 de novembro de 2018.
Com estas eleições, os guineenses esperam por fim à crise política que se arrasta há quase quatro anos. Durante esse período foram nomeados sete primeiros-ministros, mas os reflexos são também sentidos a nível do desenvolvimento económico e social do país, um dos mais pobres do mundo.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, referiu num relatório divulgado quarta-feira que a situação na Guiné-Bissau continua frágil e que a desconfiança entre actores políticos e as “manobras políticas” continuam a dificultar o processo eleitoral.
Num comunicado, os cinco parceiros internacionais do país – Nações Unidas, União Europeia, União Africana, Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) -, apelaram a um “ambiente propício para a organização de eleições”.
C/RTP