O Brasil registrou pelo menos quatro casos de falsa aplicação de vacina contra a Covid-19 em três estados diferentes: Goiás, Alagoas e Rio de Janeiro. O Conselho Federal de Enfermagem informou que apura denúncias similares nas cidades de Goiânia, Maceió, Niterói e Petrópolis, onde enfermeiros não teriam finalizado a aplicação da vacina.
De acordo com a Polícia Civil, os casos serão apurados e, se houver a confirmação, os profissionais envolvidos poderão perder o registro na categoria. O Conselho Federal de Enfermagem informou também que pode pedir o apoio da Polícia Federal na apuração dos casos, e que as prefeituras solicitaram investigações aos respectivos Ministérios Públicos estaduais.
O conselho ressaltou que estes profissionais não representam a categoria, que está lutando, há meses, na linha de frente no combate contra o novo coronavírus. O pediatra, infectologista e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, afirmou que erros em aplicação de vacinas podem ocorrer, mas que esses são casos “absolutamente excepcionais” e não devem ser motivo de preocupação, ou razão para deixar de se vacinar.
“É uma situação absolutamente excepcional no serviço de saúde no Brasil, especialmente nos postos de vacinação. O Programa Nacional de Imunização tem uma tradição de controle de doenças, de erradicação, então isso não é prática habitual, é pontual, e não deve ser motivo de preocupação para ninguém, nem motivo para não se vacinar”, afirmou Kfouri à CNN.
O médico acrescentou ainda que o programa de imunização no Brasil existe há cerca de 50 anos, e que os erros são pontuais. “Erros programáticos, no desenvolvimento do programa, na aplicação a mais ou a menos, uso de mais doses, não conservação, aplicação de vacina oral de forma injetável, ou vice-versa, acontecem. Mas isso é marginal dentro de um programa de imunizações como o nosso, cinquentenário. Tem muito pouco erro”.
Cuidados durante a aplicação
Pelo menos 5.479.086 doses de vacina contra a Covid-19 foram aplicadas no Brasil até segunda-feira, com base nas secretarias estaduais que divulgaram o balanço preliminar da vacinação. Se ainda há alguma insegurança em relação à imunização, os médicos explicam que é possível observar se a aplicação da dose foi concluída.
“Se alguém se sentir inseguro, a recomendação é visual, não há como saber se o líquido entrou pela sensação, se doeu, se não doeu, às vezes a sensibilidade de cada um é muito particular, tem injeção que você toma às vezes e nem percebe”, disse Renato Kfouri.
O médico recomendou a quem for receber a vacina, ou ao acompanhante, que se atente a detalhes na seringa. “Vale tanto acompanhar o detalhe da aspiração do líquido, do conteúdo que está dentro da seringa, e no final observar a injeção, a introdução do líquido e a seringa vazia no final. Não há outra forma para quem não está seguro de que a vacinação tenha sido concluída de fato. Com essa observação, essa é a maneira mais correta”.
Para a médica epidemiologista Denise Garrett, “esses episódios reflectem uma falta de coordenação e orientação para a campanha”. Ela também ressaltou como proceder para certificar-se da aplicação. “Geralmente, o profissional de saúde mostra a seringa cheia antes da aplicação e vazia depois da vacina. Isso é praxe em uma campanha de vacinação, e não sei por que não está ocorrendo rotineiramente agora”, afirmou Garrett.
Fonte: CNNBrasil