Os confrontos de sábado entre o Exército sudanês e paramilitares causou a morte de 56 civis, segundo um novo balanço divulgado hoje pelo Sindicato dos Médicos do Sudão. O Secretário-geral das Nações Unidas já veio apelar aos líderes do Exército e do grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, sigla em inglês) para suspender os combates e iniciar diálogo para resolver crise.
Esta violência surge após meses de tensões crescentes entre as forças armadas e as paramilitares, que foram antecedidas de anos de agitação política, desde o golpe militar de Outubro de 2021 no país de África. Ocorreram mortes por todo o país, incluindo na capital Cartum, e Omdurman, disse o Sindicato.
Os combates eclodiram no início do dia de ontem. Testemunhas disseram que ambos os lados dispararam de veículos blindados e de metralhadoras montadas em camiões em áreas densamente povoadas. Alguns tanques foram vistos em Cartum. Os militares disseram ter lançado ataques a partir de aviões e drones em posições das RSF dentro e em redor da capital.
Ao cair da noite, os residentes disseram que ainda ouviam os sons de tiros e explosões em diferentes partes de Cartum, incluindo ao redor do quartel-general dos militares e de outras bases. Um dos pontos de fortes dos confrontos foi o Aeroporto Internacional de Cartum. Não houve qualquer anúncio formal de que o aeroporto estava fechado, mas as companhias aéreas suspenderam os voos.
António Guterres pediu aos líderes de ambos os lados que cessem a violência, restaurem a calma e iniciem um diálogo. Segundo o chefe das Nações Unidas, qualquer escalada da violência levará a um impacto arrasador sobre os civis, agravando a situação humanitária, que já é precária, lê-se no site.
O Sudão tinha um governo conjunto entre civis e militares, mas o arranjo foi desfeito com um golpe militar em 2021. Actualmente, dois generais disputam influencia politica, o comandante do Exercício sudanês, o general Addel Fattah Al-Burhan, e o líder da RSF, general Mohamed Hamdan Dagalo, que controla uma força paramilitar com mais de 100 mil integrantes.
As RSF nasceram das milícias Janjaweed, que permanecem na ativa na região de Darfur. O grupo tem participado de conversações sobre a transição para um governo civil que substituiria o regime militar, no controle do país desde 2021.
A integração dos paramilitares nas Forças Armadas tem sido um dos pontos dessas discussões como parte de um acordo político, apoiado pela ONU, alcançado em fevereiro, após meses de negociação.