A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) oficializou a saída da organização de Mali, Burkina Faso e Niger, países da AES (Aliança dos Estados do Sahel). A decisão foi festejada nas ruas destes países, que são liderados por regimes militares.
Mali, Burkina Faso e Níger já não são membros da família regional CEDEAO, fundada em 1975, um ano depois da intenção ter sido anunciada por seus novos líderes, que ascenderam ao poder na sequência de golpes militares. “A saída do Burkina Faso, da República do Mali e da República do Níger da CEDEAO entrou em vigor a partir de hoje, 29 de janeiro de 2025 ”, anunciou a Comissão.
Este órgão de autoridade regional garante, no entanto, que no espírito de solidariedade regional e no melhor interesse das populações, e de acordo com a decisão da Conferência de Chefes de Estado e de Governo que vai manter as portas da CEDEAO abertas ao diálogo. Inclusive, num sinal de boa-fé, decidiram continuar a reconhecer, até novo aviso, os passaportes nacionais e os bilhetes de identidade com o logotipo da CEDEAO detidos por cidadãos do Burkina Faso, do Mali e do Níger.
Ainda: continuar a conceder aos bens e serviços dos três países em causa o tratamento previsto no Esquema de Liberalização do Comércio e na Política de Investimento da CEDEAO. Permitir que os cidadãos desses países continuem a usufruir, até novo aviso, do direito de circulação, residência e estabelecimento sem visto, segundo os protocolos nesta área e fornecer aos funcionários dos três países apoio e cooperação como parte das suas missões para a Comunidade.
Certo é que, com este “brexit” africano, a comunidade perde 53 por cento do seu território e 20% da sua população, enfraquecendo de forma significativa o seu mercado. Quanto aos três países, forma agora o seu próprio bloco e não vêm a CEDEAO como uma comunidade “amiga”. Aliás, acusam-a de tratamento injusto por ter ameaçado fazer reverter, pela força, os novos poderes saídos dos golpes de Estado e de alinharem com os interesses da França.
Como precaução, os três presidentes anunciaram uma mobilização conjunta de cinco mil soldados para combater os grupos armados da região. Têm igualmente a pretensão de criar um passaporte comum e assim cortal formalmente os laços com a antiga potencia colonial, no caso, a França.
Foi a primeira vez que a CEDEAO sofreu um golpe desta envergadura, com a saída, de uma vez, de três membros. Em 2000, Mauritania já tinha abandonado a organização, restando Benin, Cabo verde, Costa do Marfim, Gambia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Liberia, Nigeria, Senegal, Serra Leoa e Togo.