A União Nacional dos Trabalhadores de Cabo Verde – Central Sindical (UNTC-CS) reagiu a aquilo que classificou de “subida constante de preços” em Cabo Verde, sobretudo neste mês de março em que os combustíveis, electricidade e água tiveram aumentos significativos. Tudo isso quando, segundo a Secretária-geral, Joaquina Almeida, os números mostram uma queda sistemática de poder aquisitivo dos trabalhadores.
A líder da maior central sindical do país justifica a sua posição com factos. “Março iniciou com o anúncio na comunicação social da Agência Reguladora Multissectorial da Economia (ARME) da subida do preço dos combustíveis a partir da meia-noite do dia 1. No dia 20 de Março, essa mesma Agência veio a público anunciar a subida dos preços de energia elétrica e água”, diz, realçando que, em ambos os casos, a desculpa de que houve um acréscimo considerável do preço dos combustíveis no mercado internacional, o que obrigou as autoridades nacionais a reverem em alta a tabela desses bens.
Enquanto isso, prossegue a SG da UNTC-CV, o governo tem estado a propalar que os recursos das famílias cabo-verdianas têm aumentado. “Nada mais falso! Se o nível do desemprego continua alto e os preços dos produtos de consumo aumentam da forma que tem acontecido; Perguntamos ao governo com base em quê é que diz que os recursos das famílias têm aumentado. O nosso entendimento é outro. Os factos e números têm confirmado uma queda sistemática de poder aquisitivo dos trabalhadores desde longa data”, pontua.
Para esta líder sindical, caso se fizer as contas de 2011, altura em que se fez o último aumento geral da Função Pública a esta data, a perda chega a 10 por cento. Lembra que, em Janeiro deste ano, foi concedido um aumento de 2,2% para a Função Público, que abrangeu apenas uma pequena parte do pessoal do quadro comum, excluindo todos trabalhadores em regime de contrato na FP. “Já o dissemos por diversas vezes e continuaremos a bater na mesma tecla enquanto o governo ignorar essa nossa reivindicação, que é a de reposição do poder de compra dos trabalhadores. As oportunidades para os jovens em Cabo Verde estão cada vez mais escassas. O desemprego jovem é elevadíssimo, ou seja, dos 15 aos 34 anos a taxa de um total de 45,3%.”
Paralelamente, diz Joaquina Almeida, o êxodo rural continua imparável e a frustração e desespero dos jovens por não encontrarem trabalho nos centros urbanos é preocupante. Alguns caem na criminalidade e boa parte considera a emigração como solução. A nível oficial, uma sondagem feita pelo Afro barómetro cujos resultados saíram no dia 26 do corrente mês de março, diz que 57% dos cabo-verdianos pensa em emigrar. “Em relação aos jovens entre os 18 e os 24 anos, 53% pensam seriamente na hipótese de viajar para viver e trabalhar fora do país”, frisa.
O mais grave, no entender da SG da UNTC-CS, é que, apesar deste cenário complicado, não vislumbram solução por parte das autoridades para a resolução do problema do desemprego nesta camada da população, o que piora consideravelmente com o aumento dos preços. Por isso mesmo, conclui, a central sindical não pode ficar calada vendo os preços a aumentar e os salários a manterem-se congelados ad aeternum.
Constânça de Pina