A companhia aérea nacional realizou mais voos e transportou mais passageiros de janeiro a agosto deste ano do que em todo o ano de 2024, revelou a direção da TACV Cabo Verde Airlines. Esta performance foi possível, apesar das perturbações recentes registadas nos voos domésticos e avarias inesperadas que levaram ao cancelamento de várias ligações.
Em termos concretos, afirma, no ano passado realizou 4.654 voos domésticos e transportou 256.697 passageiros. Já este ano, em oito meses – janeiro a agosto – efectuou 4.744 operações, com um total de 269.521 passageiros transportados, números que representam um marco histórico para a TACV. “Este desempenho reflete, de forma clara, o aumento da conectividade entre as ilhas do arquipélago”, frisou a companhia, realçando que tem trabalhado com determinação para reforçar as ligações aéreas, garantindo maior mobilidade aos cidadãos e facilitando o acesso às ilhas com aeroportos e aerodromos.
Para a empresa, a melhoria contínua dos serviços aéreos contribui não só para o bem-estar da população, mas também para o crescimento do turismo, setor vital para a economia nacional. Acredita que, com a entrada em operação em breve dos dois ATRs 72-600, que vão ser operadas temporariamente pela TACV até a sua transição para as Linhas Aéreas de Cabo Verde, estarão reunidas as condições para um aumento da frequência e para o fortalecimento da conectividade interilhas, dando assim mais um passo no compromisso da companhia com Cabo Verde e os cabo-verdianos.
O mês de agosto passado, recorda-se, foi um dos mais críticos para a TACV – Cabo Verde Airlines devido a ocorrências graves e repetitivas que abalaram a confiança dos cabo-verdianos na companhia de bandeira. A situação mais complexa foi registada no dia 31 de agosto, no voo São Filipe-Praia, devido a uma falha no motor do ATR 72-500 da Jumpair, que opera no país nas ligações domésticas em nome da Cabo Verde Airlines. O segundo registo, no mesmo dia, foi em um voo São Vicente – Praia.
Os dois eventos obrigaram a companhia a ativar os seus planos de emergência e estão em investigação. As aeronaves aterraram em segurança e os passageiros foram desembarcados de forma tranquila, apesar do susto. A empresa nunca esclareceu os acontecimentos, mas a reação nas redes sociais foi imediata, com internautas a expressar indignação e desconfiança quanto à segurança das operações.
As esperanças da TACV, que enfrenta uma crise crónica que se arrasta desde que retomou as ligações interilhas, resultado de sucessivos cancelamentos de voos, ausência de explicações e frota diminuta, estão agora depositadas nas duas novas aeronaves, ainda a aguardar aval da Autoridade da Aeronáutica Civil, cujo mérito foi recentemente questionado pelo Sindicato dos Pilotos de Aviação Civil em carta aberta ao Governo. Este questionamento mereceu resposta imediata da AAC, que garantiu exercer com independência e responsabilidade a missão de supervisionar e regular o sector.