Um problema de foro pessoal obrigou a coach Vera Nereu a sair do país e fixar residência em Portugal. Longe da família, dos amigos e do trabalho de duas décadas na ASA, esta aproveitou para implementar o seu sonho de trabalhar na área do desenvolvimento pessoal. Hoje começa a conquistar terreno e já é um nome conhecido, mas ambiciona crescer ainda mais, aumentar a sua carteira de clientes e ter, em breve, o seu escritório para prestar atendimento presencial.
Vera Nereu conta que neste momento trabalha sobretudo online, nas redes sociais, mas também faz atendimentos a domicílio. “O meu objectivo é ajudar as pessoas a serem mais confiantes, quer na sua área pessoal como profissional. Utilizo uma técnica que as pessoas estão a apreciar muito, ‘Constelação familiar sistémica’, que tem tudo a ver com a adaptação das pessoas às suas crenças. Ajudo pessoas que estão a sofrer sem saber porquê, pessoas angustiadas, com depressão ou que sofrem de determinados vícios. Ou seja, tem tudo a ver com o seu desenvolvimento pessoal e autoconhecimento.”
Para o efeito, informa, faz programas e divulgações gratuitas nas redes sociais ou para grupos de pessoas. Também integra com alguns grupos restritos, por exemplo de apoio às mulheres cabo-verdianas, participa de debates via zoom, publica resumos na sua página no Facebook e no Instagram para dar a conhecer o seu trabalho e para apoiar com conselhos úteis. A partir destas, as pessoas procuram os seus serviços. Vera explica que já fazia este tipo de serviço na ilha do Sal, de onde viajou em outubro passado para acompanhar a filha-bebé, evacuada para Portugal para tratamento.
“Comecei a fazer este tipo de trabalho em 2017, após uma certificação em coaching, em simultâneo com o meu trabalho na ASA, onde trabalho desde 2002. Estou de licença sem vencimento. Nesta empresa trabalhei em diversos sectores, desde técnica de Recursos Humanos, Chefe de Departamento e Directora de Recursos Humanos. Saí para fazer uma formação e retornei como assessora de ministro e, novamente, como técnica de RH no Sal. Em 2017, após a minha certificação criei a minha empresa Target Gest, com o propósito de ajudar as pessoas a impulsionar a sua vida e os seus negócios.”
Está há seis meses em Portugal a viver exclusivamente dos rendimentos provenientes do coaching. No entanto, enfrentou algumas dificuldades no início, sobretudo porque, de repente, deixou de ter um emprego, salário fixo, casa e família próxima. “Não senti medo de arriscar porque em primeiro lugar estava a saúde da minha filha. Senti a necessidade de correr atrás de tudo o que poderia fazer por ela. Foi difícil, mas neste momento já sou procurada por clientes, que chegam a mim através de outras pessoas que atendo e passam a palavra. E, cada vez mais, sinto mais segurança”, assegura esta entrevistada, que garante ter-se preparado durante cinco anos para este salto.
Os próximos passos, afirma, é expandir a sua área de actuação e continuar a crescer como empreendedora e empresária na área de desenvolvimento pessoal, ainda em fase de afirmação. Neste momento, a coach já trabalha com emigrantes cabo-verdianos na Holanda, França, Bélgica e Estados Unidos. “Entre 20 a 30% dos meus clientes estão em Cabo Verde. Os restantes estão todos fora. Mas quero projectar ainda mais e alcançar o nível dos mentores que me motivaram a enveredar por esta área e com quem continuo a aprender.”
Vera admite estar confiante no futuro porque, cada vez mais, as empresas exigem dos seus profissionais competência, formação académica, flexibilidade, capacidade de adaptação e talento para vencer, mas demitem as mesmas pessoas pelas suas atitudes e comportamentos por não se adequarem ao cargo ou função para o qual foram contratadas. Já os funcionários nem sempre procuram conhecer os seus talentos e acabam por se deixar levar por algo que não os estimulam, e, com isso, perdem a oportunidade de se tornarem profissionais com uma boa performance. É aqui que entra o coach para ajudar no seu empoderamento tanto a nível pessoal como profissional.