As duas maiores empresas importadoras de produtos alimentares em Cabo Verde, a Moave e a CIC – Companhia de Investimentos de Cereais, estão a “racionar” a venda do milho, arroz e açúcar para evitar rupturas no mercado, tendo em conta a imprevisibilidade no transporte por via marítima. Ambas as empresas tranquilizam os consumidores e garantem que estes produtos não vão faltar.
Vera da Luz, directora-geral da Moave, afirma em declarações ao Mindelinsite que a empresa tem milho e um carregamento deverá chegar até final do ano, mas decidiu limitar a venda para produtores de ração e criadores para evitar rupturas. “Estamos a fazer isso porque há atrasos na chegada do milho e para evitar açambarcamento, como acontece sempre que começam os rumores de falta no mercado. Estamos a fazer uma distribuição controlada, até a chegada do próximo carregamento, que deverá acontecer a uma semana e meia do final do ano.”
Relativamente ao arroz, esta responsável admite algum atraso, mas avisa que a Moave não é a única importadora do mercado. Aliás, garante, há arroz do Brasil à venda em São Vicente neste momento. “Sabemos que as pessoas ficam com receio quando percebem que a Moave tem uma quantidade menor do que a habitual. Temos enfrentado algumas dificuldades no transporte do arroz da Tailândia, mas já está a caminho. Infelizmente, não podemos precisar uma data da chegada porque o Porto Grande não tem um calado para receber grandes navios, que têm de ir a Dacar fazer a descarga.”
O mesmo acontece com o açúcar. A Moave já adquiriu o produto, mas não pode garantir quando estará em Cabo Verde. Vera da Luz diz, no entanto, que a empresa tem açúcar para o consumo familiar e para abastecer as padarias. “Estamos de facto a racionar e as pessoas ficam preocupadas porque sabem que há atraso na vinda de navios carregados. Não podemos permitir o açambarcamento, ou seja, que pessoas compram grandes quantidades para armazenar. Mas há açúcar no mercado porque a Moave trouxe algum da Praia para colmatar alguma necessidade em S. Vicente.”
Nas prateleiras das lojas e minimercados, avisa a DG da Moave, os consumidores poderão encontrar diversos tipos de açúcar – cristal, amarelo e mascavo – em bolsas de um quilo. “Os sacos de 50 quilos são comprados geralmente por padarias e outras indústrias. Estamos a racionar para evitar falhas, por isso temos tido alguma dificuldade em vender para as mercearias para vender por quilo. Não é preciso pânico porque há açúcar no mercado.”
Do lado da CIC – Companhia de Investimentos de Cereais, Lino Monteiro também admite alguma contenção e lembra que os produtos estão mais caros. “Temos milho e arroz nos nossos armazéns e estamos a vender consoante a demanda. Mas também estamos à espera de uma remessa destes produtos. O problema é que os navios vêm fazendo muitas escalas em diversos portos e, por isso, dificilmente conseguimos fazer uma previsão da chegada.”
Já relativamente ao açúcar, o cenário é diferente. Segundo Lino Monteiro, há algum tempo que a empresa não recebe este produto. Afirma, entretanto, que a CIC espera um carregamento para dezembro, sendo certo que também não consegue fixar uma data por causa das dificuldades de transporte.