Irineu Oliveira Ramos, portonovense de 38 anos de idade, é mais um dos muitos condutores que atravessa o “canal” quase que diariamente para vender os seus produtos em São Vicente. Hoje já realizou o sonho de fazer esta travessia com viatura própria. Além de verduras e legumes, Irineu Ramos também traz e leva cargas de outras pessoas.
Este conta que iniciou a vida de negociante acompanhando a avó ao pelourinho de verduras no Porto Novo, que ficava na Avenida Marginal, hoje substituído pelo Mercado Municipal. A chegada dos navios roll on roll off abriu novas possibilidades e “expandiu o mercado” para S. Vicente.
Ramos decidiu então fixar residência na cidade do Mindelo para facilitar as compras e o “ir e vir” para Santo Antão. “Viajar todos os dias entre Santo Antão e São Vicente é muito estressante e cansativo. Senti que deveria fixar residência aqui porque, com a correria de todos os dias, antes era obrigado a deixar os meus produtos na casa de outras pessoas, por não ter um espaço próprio para os guardar. Agora é muito mais fácil porque tenho o meu lugar e também trouxe a minha família para ajudar”, explica.
Pesou também na sua decisão o facto de o filho frequentar a escola secundária e, em breve, demandar uma universidade para fazer a sua formação. “Em Santo Antão não será possível continuar a estudar”, acrescenta este entrevistado, cujo sonho agora é construir uma casa própria na terra do Porto Grande.
Apesar de todas estas vantagens, Irineu Ramos diz que esta é uma vida muito cansativa. Mas é desta travessia quase que diária do canal marítimo entre Santo Antão e S. Vicente que tira o sustento da família, por isso o sacrifício. E, pelo menos por enquanto, o esforço tem compensado.
Lidiane Sales (Estagiária)