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Dificuldades de transporte deixa mercado desprovido de arroz, açúcar e óleo

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Consumidores mindelenses, mas também de Santo Antão e São Nicolau, contactaram o Mindelinsite para denunciar a ruptura de alguns produtos essenciais: arroz, açúcar e óleo. Dizem que as prateleiras estão vazias e, por conta disso, os preços dispararam. A administradora da Moave, Vera da Luz, tranquiliza as pessoas dizendo que carregamentos dos produtos em falta já estão em Cabo Verde, depois de um período em falta devido a problemas de transportes.

O passado fim-de-semana foi de busca por arroz, açúcar e óleo, sobretudo nos bairros periféricos de São Vicente, mas também em outros concelhos do país. Há dias que os consumidores e proprietários das mercearias lamental a falta destes produtos. “Fui comprar um saco de arroz em uma mercearia onde sou cliente habitual, mas a proprietária disse-me que não tem nada em stock. Aliás, foi procurar nos importadores e foi informada que o produto está em falta. A alternativa foi recorrer às bolsas de um quilo, cujo preço disparou para 160 escudos. Para os mais pobres, fica difícil pagar estes valores. E todos sabem que o arroz é a base da nossa alimentação”, revela Ana Rocha.

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Esta informação foi confirmada ao Mindelinsite pela dona da Mercearia Santos. Esta conta que foi procurar arroz de saco azul no Bento SA e na Copa e foi informada de que o produto está em falta. “Mas não é apenas arroz que está em falta. Há ruptura de açúcar e óleo”, revela esta fonte, informação confirmada numa breve ronda por algumas mercearias de Mindelo. Mas a situação não está restrita a São Vicente. Em contacto com a dona de uma mercearia em Ponta do Sol, Santo Antão, esta confirmou que o arroz do saco azul e Dom Pato estão em falta também naquele mercado, restando apenas o saco amarelo, que está a ser vendido apenas ao quilo.

Situação normalizada

Confrontada, a CEO da Moave informa que um carregamento de arroz chegou a Cabo Verde na semana passada, pelo que a situação já está normalizada. “Realmente tivemos uma ruptura por causa dos graves problemas que os barcos estão a enfrentar no porto da Tailândia devido a Covid-19. Neste momento, basta um tripulante testar positivo para o navio ficar retido em confinamento, atrasando assim as previsões de chegada dos produtos.”

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Por causa disso, um carregamento de arroz da Moave que deveria chegar ao país em abril, ainda está algures pelo mundo. Felizmente, afirma Vera da Luz, a empresa conseguiu trazer arroz em contentor. “Não conseguimos trazer um carregamento de arroz no porão porque não há fretes. Todos os fretes são para a China, que está a pagar valores que a Europa, América e África recusam a pagar. Por isso, os cargueiros privilegiam fretes para a Ásia, particularmente para a China”, explica, tranquilizando o mercado, entretanto, com a chegada de uma determinada quantidade de arroz em contentores.

A mesma situação se repete com o açúcar, de acordo com Vera da Luz. Mas, em relação a este produto, o problema tem também outros contornos. “Na verdade, Cabo Verde não tem neste momento grandes quantidades de açúcar porque alguns importadores saíram deste mercado por causa do preço elevado do produto. Ficaram com medo e recuaram. Por causa disso, a Moave ficou praticamente sozinha e, de repente, tivemos saídas não programadas de açúcar. Felizmente, estamos a conseguir repor o stock.”

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Mas, adverte esta responsável, o preço disparou no Brasil, quer a nível dos transportes como do produto em si. “Infelizmente, por causa disso, temos estado também o preço do açúcar. Também não importamos grandes quantidades. Mas não falta açúcar, sobretudo sacos de 1 kg no mercado. A redução é principalmente a nível dos sacos de 50 kg”.

Outro problema que acaba por agravar a situação do transporte do açúcar, de acordo com Vera da Luz, é a falta de contentores para acondicionar o produto. “Há escassez de contentores. Não sabemos o que está a acontecer, mas, para além das dificuldades por causa da falta de navios, agora também não há contentores”, pontua. Já quanto ao óleo de cozinha, garante que tanto a Moave como demais importadores já receberam o produto, pelo que não há ruptura.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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