A comissão adhoc +São Vicente defendeu hoje a construção de uma pequena base militar da Guarda Costeira na zona militar do Morro Branco. A proposta foi apresentada esta terça-feira no sexto seminário sobre o ordenamento da orla marítima de S. Vicente e revela que é possível construir na zona um porto, ideia inicialmente defendida pela Enapor, mas que pode ser adaptado para a atracagem dos barcos da GC, atualmente amarrados no Porto Grande.
De acordo com a professora-investigadora Fátima Monteiro, o seminário desta terça-feira é o desdobramento do anterior, mas desta vez centrado sobretudo no Morro Branco e na Avenida Marginal. Coube ao Contra-Almirante Nuno Bragança, coordenador do Atlântico Center, que falou a partir de Lisboa por videoconferência. Trata-se de um centro que, frisou, pretende congregar todas as sinergias à volta da segurança Atlântica, a partir da base no arquipélago dos Açores. Enquanto Fátima Monteiro fez o enquadramento histórico da zona do Morro Branco, mas também de Cabo Verde no contexto Atlântico, das vantagens geoestratégicas e da existência ou não de vantagens para o país.
“Morro Branco entra nesta estratégia por ser uma zona militar e porque a GC tem estado à procura de um local para uma instalação mais definitiva e, eventualmente, até para a criação de uma base naval. Neste sentido, vamos apresentar a proposta de construção na região de um porto. Creio que há condições, em termos oceânico e de profundidade costeira. Estudos feitos pela Enapor mostram que é possível construir na zona um porto de águas profundas. Penso que o projecto pode ser adaptado para uma base militar.”
Confrontada com o facto de a GC estar sediada no antigo aeroporto de S. Pedro, Fátima Monteiro não se desarma e lembra que, em termos naval, os barcos estão atacados no Porto Grande, num cais designado pela Enapor. Numa altura em que as perspectivas apontam para o crescimento do movimento de carga e de passageiros, sobretudo com a construção do Terminal de Cruzeiros, defende que o ideal seria retirar a parte militar do porto.
“Há uma série de instalações civis no Porto Grande, pelo que não nos parece a solução mais adequada ter também barcos militares. A nossa proposta vai no sentido de se fazer um ou dois cais na zona do Morro Branco, para funcionar como uma base naval ou um ponto de apoio. Ficaria dentro da zona militar e, portanto, deixaria de haver esta hibridez ou mesmo uma certa promiscuidade”, assegurou.
Requalificar a Avenida Marginal
Num segundo momento, os participantes focaram-se na Avenida Marginal, mais precisamente na sua requalificação, tendo como pano de fundo a sua transformação numa zona predominantemente hoteleira. O painel contou com participação do advogado Belarmino Lucas, da arquiteta-paisagista portuguesa Sofia Castelo (online) e de um empresário da hotelaria e turismo.
“Conjugamos o tema da hotelaria com a zona marginal. Neste sentido, a partir de Lisboa fez-se uma apresentação de carácter mais teórico-académico. Também tivemos empresários a falar da sua experiência pessoal. São operadores que recebem turistas e queríamos saber como veem essa questão do terminal de cruzeiros, em articulação com os hotéis da marginal. Isto tendo em conta que os terminais são pequenas cidades flutuantes autosuficientes”, esclarece Fátima Monteiro. Entre as questões levantadas estão a preocupação em como se vai potenciar o comércio, a hotelaria e a restauração.
Entende esta docente e investigadora que isso só será possível com uma cultura local pujante e atrativa para “chamar” os turistas de cruzeiro para a terra.