A Associação dos Armadores de Pesca de Cabo Verde (APESC) junta a sua voz a do Governo, através do Ministério do Mar, para defender o Estaleiros de Construção e Reparação Pesqueira, em São Vicente. Esta posição foi manifestada esta segunda-feira em conferência pelo presidente desta associação, Suzano Vicente, para quem a infraestrutura não está no mercado e nem à venda.
Segundo Suzano Vicente, apesar da história do estaleiro naval remontar a segunda metade do século XIX, a ONAVE continua a ser um dos pilares que sustenta o sector das pescas, mesmo depois de ser desmantelada e destruída por um grupo bem identificado e com objectivos obscuros. Aliás, afirma, reconhecendo a sua importância estratégica para a construção, reparação e manutenção das embarcações de pescas, o Governo está a investir mais 17 mil contos na sua recuperação.
“Reafirmamos a intenção da APESC em defender este património público e em oposição à insistência de pessoas ou grupos muito bem identificados, que querem, a todo custo, vender terrenos na ONAVE. Continua atentos a movimentos do tipo, todas as vezes que surgem possibilidades de mudança do Governo ou do ministro que tutela o sector”, assegurou, criticando estas pessoas que, diz, reagruparam agora com desenhos de marinas e hotéis com valores que ascendem aos 35 milhões de euros, mas que no entanto quer conseguiram apresentar ou prestar uma garantia no valor de dois mil contos.
Suzano deixa claro que a APESC é favor do investimento directo estrangeiro, mas repudia toda e qualquer especie de especulação imobiliária. “Os cabo-verdianos devem repudiar todas e quaisquer atitudes daqueles que almejam obter direitos sobre patrimônios públicos para depois vendê-los em retalho a interesses estrangeiros. “Já tínhamos dito e voltamos a repetir que este projeto de desmantelar a ONAVE para vender retalho nasceu inquinado e todos aqueles que o apoiarem estarão igualmente inquinados. Manteremos firmes na defesa do estaleiro naval e do sector das pescas. Rejeitamos toda a e qualquer proposta de transferir o estaleiro naval para a zona de Cova de Inglesa.”
Argumenta que a Cova de Inglesa é uma praia balnear e de lazer para a população de S. Vicente, particularmente das zonas de Monte Sossego, Campim, Djid’Sal, Ribeiras de Vinha e de Julião, de entre outros. Exatamente por isso, sustenta, os armadores nacionais de pesca não vão aceitar que ela seja destruída. Aproveitou para desafiar todos os potencias candidatos às próximas eleições à Câmara Municipal de São Vicente a apresentarem projetos de requalificação de Cova de Inglesa.