A nona edição da “Volta Djêu & Swim Challenge Mindel” arranca às 8 horas de sábado e terá um recorde de 20 participantes, sendo sete mulheres. Esta e outras novidades foram esta manhã apresentadas à imprensa no Mindelo. Entre as inovações, destaque para a realização de provas de natação para crianças e adultos enquanto os nadadores fazem a “Volta”, como forma de massificação da modalidade no arquipélago, numa altura em que prova já almeja a internacionalização, com a entrada no circuito internacional de natação em mar aberto.
O evento desportivo terá a duração de dois dias, o primeiro esta sexta-feira com a segunda edição do Fórum Nacional de Desportos Aquáticos, presidido pelo ministro do Mar. O evento vai homenagear os primeiros participantes da travessia Lajinha-Djêu a nado e apresentar os atletas que irão disputar o troféu da 9. edição. “Vamos ter a presença de várias pessoas e instituições, entre elas o Comité Olímpico, para, juntos, discutirmos sobre o futuro dos desportos aquáticos, a economia azul e de que forma pode se transformar numa mais-valia”, informou Jandir Leite, da Djeu-Cv, empresa de atividades náuticas que organiza este certame junto com a Associação Regional de Natação.
Amanhã, sábado, acontece a actividade principal com a prova-mãe, que é a travessia “Volta Djêu”. O arranque está marcado para as 8 horas com a presença de 20 atletas de várias ilhas e de fora, e o término está previsto para as 11 horas, com entrega dos prémios aos vencedores. “Temos participantes residentes, mas que são de outras nacionalidades, nomeadamente de Portugal e Itália, e também das ilhas de Boa Vista, Maio, Santiago e São Vicente”, detalhou David Monteiro, presidente da Associação Regional de Natação, que destacou a grande e inédita participação feminina nesta competição.
“Vamos ter sete atletas femininas nesta edição. Praticamente temos o dobro mais um em comparação ao ano passado, em que tivemos apenas três mulheres e ficamos muito satisfeitos. Acreditamos que no próximo ano podemos ter mais ainda. A estas sete mulheres juntam-se ainda 13 homens”, acrescentou.
Já Jandir Leite falou da massificação da natação, principalmente no mar, sublinhando que em Cabo Verde ainda as pessoas estão de costas viradas para o mar, não obstante as excelentes condições do arquipélago, com bonitas praias. “Ainda vemos o mar como um perigo, mas é preciso começar a mudar esse olhar. É neste sentido que decidimos aproveitar a presença de pessoas com mais de 50 anos na Lajinha para realizar uma prova entre esta praia e o farol de ponta da Cabnave, ida e volta, numa distância de 1.600 metros. Até este momento temos a confirmação de quatro pessoas, uma delas uma mulher. Teremos ainda atividades com crianças, com duas competições, a primeira para a faixa etária dos 12 aos 14 anos, 50 metros, denominado ‘Volta Djêu para crianças. E uma outra de 100 metros para a faixa dos 15 aos 17 anos.”
O propósito, segundo Jandir Leite, é intercalar estas provas com a “Volta Djêu”. Haverá ainda animação com DJs. “O nosso propósito é levar mais gente para a praia da Lajinha e mostrar que não podemos ter medo do mar. Muito pelo contrário, temos de ir para o mar”. O presidente da Associação Regional de Natação lembrou que “Volta Djêu” começou com um desafio em 2014, com apenas oito participantes, incluindo ele próprio. “Na altura éramos poucos e com poucas embarcações de apoio. Foi um primeiro teste e vimos que era possível. E hoje chegou ao estágio que já pondera a internacionalização, com a presença de atletas vindos do exterior propositadamente para participar.”
Internacionalizar ‘Volta Djêu’
Sobre este particular, David Monteiro explicou que, para esta edição, já tiveram contactos neste sentido, que não se concretizaram apenas por uma questão de calendário. Para o próximo ano, vão tentar concertar datas por forma a permitir a presença de atletas internacionais. “É algo muito bom e vai-nos permitir criar outras experiências e trocar ideias tendo em vista a melhoria da nossa prova. Este ano já estamos a introduzir algumas regras e regulamentos que são muito importantes para estarmos aptos para entrar em competições internacionais. O nosso sonho maior é integrar Volta Djêu num circuito maior. Aqui em Cabo Verde preenchemos os requisitos mínimos que enquadram. Agora estamos a compor a nossa prova, a regulamentar para estamos aptos para isso.”
Como complemento, Jandir Leite garantiu que as regras aplicadas nesta provas estão em consonância com as internacionais. Sublinhou, por outro lado, que estas estão em sintonia com o Código Marítimo e o Regimento Nacional, o que lhe permite dizer que Cabo Verde cumpre os requisitos. “Para termos uma prova nos circuitos abertos de águas internacionais temos de ter cinco quilómetros e a Volta Djeu são 5.200 metros, ou seja, estamos dentro dos parâmetros. Estamos a inovar e a adoptar as regras para estarmos em sintonia em termos de segurança marítima, staff, médicos e Proteção Civil. Também estamos a por à prova a nossa organização e os nossos atletas para, já no próximo ano, fazer todo o possível para estarmos no circuito mundial, o que vai ser muito positivo para São Vicente, sendo que somos uma das sete baias mais belas do mundo, mas também para Cabo Verde, que poderá entrar no roteiro internacional das grandes provas de natação de águas abertas”, perspectivou.
Relativamente à Djeu.CV, empresa de atividades náuticas que organiza esta prova em parceria com a Associação Regional de Natação, Jandir Leite explicou que ela extravasa as fronteiras de S. Vicente. “Djeu.CV já não é uma empresa local, mas sim nacional. Aliás, no próximo ano pretendemos fazer três provas a nível nacional: uma Volta Djeu Praia e uma Volta Djeu Boa Vista. É por isso que hoje temos aqui a presença dois representantes da Câmara Municipal da ilha das Dunas, que é também nossa parceira.”
Até lá, a organização concentra todos os seus esforços nesta prova que, em termos de segurança, conta com apoio do Instituto Marítimo e Portuário (IMP), Guarda Costeira, Polícia Marítima, Bombeiros, Proteção Civil, Cruz Vermelha, Delegacia de Saúde, mergulhadores profissionais, nadadores-salvadores em pranchas, motas de água e nas embarcações de apoio, entre outros. No total, conclui, a Volta a Djêu conta com um staff de 50 pessoas, oito embarcações, 12/16 motas de água e 18 caiaques.