O presidente do Cantareira Futebol Clube afirma que foi com espanto e estupefação que ficou a saber do convite para a participação do FC Batuque no torneio internacional de futebol de formação “Africa Youth Cup”, realizado na ilha de Santiago. É que, segundo Carlos Alberto “Punês” Lima, a equipa do Batuque não foi finalista do campeonato nacional de futebol sub-17, um dos critérios estipulados pela Federação Cabo-verdiana de Futebol para estar na prova.
Em conferência de imprensa proferida ontem no Mindelo, ao lado de demais membros da direção do Cantareira Futebol Clube, este dirigente desportivo mostrou-se convicto de que houve favorecimento na participação do clube axadrezado nesta competição. “Foi anunciado pela organização que apenas quatro equipas finalistas do último campeonato nacional sub-17 iriam participar do torneio. Ora, o Batuque não esteve na fase final, daí o nosso espanto. Se um dos critérios para participar no África Youth Cup era este, então gostaríamos de saber de que forma esta equipa aparece a competir”, interroga.
O mais grave ainda, diz este dirigente desportivo, é que o Batuque FC está sob alçada disciplinar da FCF por conta da confusão e pancadaria protagonizada no final do jogo com a Ultramarina de S. Nicolau, em abril passado, no nacional de futebol sub-17. O Batuque recebeu a equipa de S. Nicolau e, para se qualificar, teria de vencer por uma diferença de nove golos, tendo em conta que o seu adversário directo, a Escola de Futebol Inter Zonas do Sal, goleou o Ultramarina por 13-1 no jogo anterior.
“Assisti tudo o que se passou durante e depois do jogo e fiquei muito triste porque, independentemente do que possa ter havido – alegaram que o resultado do jogo entre Ultramarina e a Escola de Futebol Inter Zonas foi combinado – nada justifica aquilo que aconteceu. Os jogadores, treinadores e até dirigentes do Batuque agrediram de forma grosseira os seus adversários. Sou pai e não gostaria de ver um filho meu naquela situação e numa outra ilha”, desabafa Punês, para quem o comportamento antidesportivo da equipa evidenciou uma total falta de respeito pelos árbitros, restantes jogadores e adeptos que se encontravam no estádio ou assistiram pela televisão.
Entretanto, para seu espanto, até a data não houve qualquer pronunciamento da FCF. “Já era tempo do processo estar concluído, e nada. Mas, como por magia, aparece o convite em jeito de prémio para o Batuque participar no Africa Youth Cup. Pensamos que deveriam, em primeiro lugar, escrutinar e concluir o processo e, só depois de pronunciar/punir os infratores, é que poderiam convidar, caso assim entenderem, o Batuque F.C”, sugere, deixando no ar a pergunta: “Como é que dirigentes e corpo técnico, envolvidos num acontecimento de má memória para o futebol nacional e sobretudo de formação, podem ser convidados para participar em um torneio internacional?”
A segunda edição do África Youth Cup, refira-se, decorreu na ilha de Santiago entre os dias 21 a 29 de outubro e contou com a presença de cinco escolas de futebol de Cabo Verdes: Solpontense (Santo Antão), Sporting da Boa Vista, Efiz (Sal), Bola pa Frente (Santiago) e Batuque FC. E ainda representações da Costa do Marfim (Volcan Junior Académie, Diambars de Abijan e Napoli), da Nigéria (Sheild City Football Club) e do Mali (Derby Football Academie), vencedor do torneio.