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Desporto

Nacional de Futebol: Jogadores do Mindelense temem consequência da viagem de barco para Fogo

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Os jogadores do Mindelense, campeão regional de futebol de São Vicente, estão com receio dos efeitos da viagem de barco entre as ilhas de Santiago e Fogo, com duração de quatro horas, possam afectar o seu desempenho no jogo contra a Académica do Fogo. Alegam que não são “homens do mar” e a prova é que, na primeira jornada, muitos passaram mal em apenas uma hora de viagem, na ligação marítima São Vicente – Santo Antão. O presidente do Clube Sportivo Mindelense, Daniel Jesus, admite que a direcção também está preocupada e, por isso, está a tentar tirar esta carga da cabeça dos jogadores. “Somos um clube acostumado ao sacrifício. Temos a garra do leão e tudo vamos fazer para trazer mais uma vitória para casa”, afirma este dirigente desportivo.

Esta “odisseia” começa amanhã às 13h30 numa deslocação aérea para a cidade da Praia. A equipa – composta por 18 jogadores, técnicos e dirigentes – dorme uma noite na Capital e retoma a viagem, agora de barco, na sexta-feira, às 15h30. A previsão de chegada à ilha do Fogo é às 19h30, ou seja, quatro horas de barco.

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No entanto, o jogo com a Académica será no domingo. E ainda bem, diz Jesus, pois isso irá dar tempo aos atletas para descansarem. “Sabemos que alguns dos nossos atletas têm problemas em viajar de barco, sobretudo nos catamarãs. Entendemos em parte as explicações da Federação Cabo-verdiana de Futebol (FCF), que disse que temos de lembrar o país que temos, e estamos cientes disso. Mas também pensamos que há questões que devem ser acauteladas. Viajar para Santo Antão nesta altura já é complicado, imagina para Fogo, que são quatro horas e o mar é mais revolto!”, salienta.

Para tentar amenizar o impacto da viagem, a direcção do Mindelense está a tentar tirar o temor do estado de espírito dos jogadores. Admite, no entanto, que todos estão preocupados. “Pensamos que a FCF poderia ter organizado esta viagem de forma que o regresso fosse de barco, e não a ida. Acredito que, depois do jogo, o impacto seria menos problemático. Mas, pronto, fizeram desta forma e temos de aceitar. Sabemos que tem havido problemas de ligação entre as ilhas, sobretudo por causa das festas de Páscoa. É mais um obstáculo que vamos ter de ultrapassar. As vitórias do Mindelense são sempre conseguidas com muita luta e sacrifício”, frisa este dirigente, que cita, como exemplo, o que aconteceu em São Nicolau em 2018.

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Segundo Jesus, se tivesse havido em tempo oportuno um posicionamento da FCF em 2018 sobre a viagem de barco efectuada pelo Mindelense, não teria ocorrido tanta celeuma. Para o presidente, o contributo dos “leões encarnados” neste tipo de casos tem sido de entendimento e colaboração. Critica, por isso, os comentários de certos clubes que querem passar a ideia de que o Mindelense tem sido beneficiado nas provas nacionais. “Basta ver o calendário do Nacional e da Taça. Esta semana fizemos três jogos: jogamos em São Vicente, em São Nicolau e novamente em casa. Estamos sempre a ultrapassar barreiras. Por isso não é aceitável os comentários do treinador da Académica do Fogo, que questionou o por quê de jogarmos no domingo, enquanto que a sua equipa entrou em campo no sábado. Agora vamos viajar para o Fogo, enquanto estão descansados. E, possivelmente, não virão de barco para jogar em São Vicente na próxima semana”, constata.

Jogar para ganhar

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Apesar de todos estes percalços, o foco do Mindelense nos seus 100 anos de existência – este ano o clube celebra o seu centenário – continua a ser jogar para ganhar. Neste sentido, diz Jesus, a direcção da equipa está a trabalhar o psicológico dos atletas porque todos estão conscientes de que a viagem para Fogo vai deixar mazelas nos jogadores. “Vamos trabalhar para recuperar a confiança dos nossos jogadores. Prometo que no domingo o Mindelense não vai entrar em campo diminuído. Aliás, são estas questões que nos fortalecem. É na adversidade que procuramos força para vencer sempre.”

A confiança do presidente advém também do facto da equipa estar quase na máxima força, ou seja, sem lesões. “Vamos para o Fogo com 18 jogadores e vamos entrar em campo com 12. Tudo vamos fazer para trazer mais uma vitória para cimentar a nossa posição de líder do nosso grupo A”, reforça.

Protesto do jogo com Académica do Porto Novo

Por falar em liderança, o Mindelense entregou ontem um protesto sobre o jogo da 1ª jornada contra a Académica do Porto Novo, que terá utilizado dois jogadores em situação irregular. O prazo para a entrega do protesto era de 60 dias, mas o Mindelense decidiu acelerar o processo, tendo em conta que esta é uma prova de curta duração. “Entregamos o protesto e o Conselho da Justiça da FCF tem 15 dias para decidir. Mas, porque houve uma falha da FCF em homologar o resultado deste jogo, quando o regulamento diz que, sempre que impende um protesto sobre um jogo, este não pode ser homologado, vamos entregar amanhã um segundo protesto sobre a homologação do resultado.”

Entende o presidente que a razão está com o clube neste processo, pelo que espera, pelo menos desta vez, serem considerados porquanto, diz, a direcção está a estribar-se nos regulamentos disciplinares e no Regulamento-Geral da FCF, a lei-mãe. Por outro lado, diz, o Mindelense deixou de utilizar um jogador em Santo Antão, punido com cartões amarelos no final da Taça. Segundo Jesus, a equipa optou por não utilizar o jogador, que é uma mais-valia, por precaução.

Já no caso da Académica do Porto Novo, o caso é evidente, na sua percepção, porque, diz, um dos jogadores punidos com cartões-amarelo entrou como titular e o outro foi suplente utilizado. Nestes casos, afirma, o regulamento é taxativo e determina que o atleta seja automaticamente suspenso por um jogo, no caso seria o confronto com o Mindelense.

Constânça de Pina

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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