A pandemia da Covid-19 obrigou o jogador Vanderlei “Gogol” Rosário a adiar o sonho de disputar esta época pela Academia do Mindelo. Chegou com o estatuto de craque mas, cancelado que foi o regional de futebol de S. Vicente. Foi contratado ao Santo Crucifixo e liberado agora pelos “Estudantes” para jogar pelo Sinagoga de Santo Antão, ilha onde as competições não foram suspensas. Espera, no entanto, voltar para participar deste regional e, quem sabe, disputar um nacional para se fazer notar pelo seleccionador nacional. “Seria a concretização de um sonho maior”, diz.
Ao Mindelinsite, Gogol, 25 anos, confirma que assinou um contrato com “Os Estudantes” para disputar a época desportiva 2020/2021 em SV. Por causa da pandemia, o arranque do campeonato foi sendo adiado, até que decidiram pela suspensão definitiva da prova. “Infelizmente, nunca consegui vestir a camisola do Académica. Vim para S. Vicente cheio de expectativa, mas a pandemia da Covid-19 mudou tudo”, diz este atleta, que acredita que a sua contratação para participar num campeonato mais competitivo, no caso o de São Vicente, deveu-se a sua boa prestação na época passada.
“Ganhei a Taça de Cabo Verde com o Santo Crucifixo. A minha ideia ao ser abordado era reforçar a Académica e ajudar o clube a ser campeão regional. Santo Antão tem boas equipas, mas o campeonato de São Vicente é muito mais competitivo e dá muito mais visibilidade aos atletas. Seria a minha oportunidade de ser mais conhecido e tentar outros objectivos”, afirma Gogol, que admite estar a sentir frustrado com a situação da Covid.
“Esta pandemia veio mudar tudo. Infelizmente, não sou o único atleta afectado. Estamos a quase um ano parados e todos sentimos o impacto. No meu caso, como em SV não vai ter campeonato, recebi uma proposta da equipa da minha zona, o Sinagoga. Vou jogar para não ficar parado”. Mas, para isso, Gogol vai ter de fazer sacrifícios porque vai trabalhar durante a semana em S. Vicente e viajar aos fins de semana para jogar em S. Antão.
É que, quando assinou com o Académica do Mindelo, também começou a trabalhar na ilha do P.Grande. Agora recusa-se a abandonar o “seguro” pelo incerto. “Vou treinar individualmente e, quando tiver jogos, vou para S. Antão. Claro que isso vai ter impacto no meu rendimento porque não irei treinar com a equipa, Por isso, nunca conseguirei dar 100%. Mas, ao invés de ficar parado, prefiro arriscar”, diz este atleta, que agradece a “boa vontade” da Academia do Mindelo que o permitiu jogar para uma outra equipa.
Sobre a prestação do Sinagoga, equipa que o lançou como profissional, Gogol lembra que já foram campeões regionais. Espera ajudar a equipa a voltar às conquistas. “É a minha equipa do coração. Quero dar o meu contributo e ajudá-los a renovar o título esta época, que arranca no próximo dia 03 de abril”, pontua, lembrando que o regional da zona norte de Santo Antão é disputado apenas por três equipas e, portanto, é pequeno.
A par do impacto no desporto, Gogol assume que a pandemia também afectou financeiramente os atletas. No seu caso, diz, tinha um contrato desportivo, que acabou por ficar sem efeito com a suspensão do campeonato. Ainda assim, admite que está em melhor situação do que alguns colegas porque está a trabalhar. “Pelo que ouvi, alguns colegas estão a enfrentar imensas dificuldades. A Covid-19 veio complicara vida à todos.”
Por isso, espera ansioso pela volta da normalidade para que possa retomar os seus sonhos de onde parou, isto é, jogar a próxima época desportiva pelo Clube Académica do Mundo e, quem sabe, chegar a seleção de Cabo Verde. “Comecei a jogar desde criança. Jogava em um campo de terra perto da minha casa. Praticamente morava dentro do campo. Sou federado desde os meus 15 anos pelo Sinagoga, mas sempre quis chegar mais longe possível.”
Mas Gogol agradece sobretudo o apoio da família ao longo do seu percurso futebolístico, inclusive quando decidiu vir aventurar-se em São Vicente.