Os atletas que integram a delegação de São Vicente que participou na 10ª edição do Campeonato Nacional de Desporto Paralímpico em Santiago estão a ser obrigados a regressar de barco a partir do dia 7, com paragem em pelo menos três ilhas – Boa Vista, Sal e São Nicolau – antes de desembarcarem no Porto Grande. O responsável pela comitiva, Alcindo Lopes, diz estar revoltado porquanto na viagem de ida vários atletas tiveram dificuldades, inclusive um deles teve de ser atendida no hospital com problemas graves de desidratação.
Em entrevista ao Mindelinsite, Alcindo Lopes explicou que a delegação de São Vicente chegou a Santiago no dia 28 de novembro. “Viemos de barco. Incialmente seria uma ligação entre as ilhas de S. Vicente, Sal e Santiago. Mas acabamos por fazer um desvio para São Nicolau, depois passamos por Boa Vista e, por último Santiago. Foram mais de 24 horas de uma viagem cansativa e os meus atletas sofreram isso na pele, inclusive um deles foi parar ao hospital do Sal porque estava a vomitar sangue”.
Por causa disso, desde ontem Alcindo Lopes vem fazendo “fincapé”. Diz que não arrisca repetir a viagem com estes atletas que, importa realçar, possuem diversas deficiências. “Estamos a falar de atletas cadeirantes, com mobilidade reduzida, paralisia cerebral e invisuais. É desumano. O que aconteceu com a atleta na viagem de ida pode acontecer no regresso. É muita responsabilidade e não quero arriscar”, desabafa, acrescentando que, por causa disso, desde ontem tem estado a reunir-se com as autoridades na expectativa de conseguiu trazer a comitiva de avião.
“Já tive um encontro com o presidente da Federação Cabo-verdiana de Desporto Adaptado (Fecada), que nos disse que ia tentar ver o que poderia fazer junto com o Ministério do Desporto. Mas, ao que parece, não adiantou de nada porque ele já nos entregou as passagens de regresso, com o mesmo percurso, ou seja, Santiago, Boa Vista, Sal, São Nicolau e São Vicente. Estamos a falar de atletas que são campeões nacionais e que desde o dia 28 de novembro estão longe dos familiares”, acusa.
O entrevistado lembra ainda que integram a delegação pessoas que trabalham. “Vamos sair de Santiago no dia 7 de dezembro e devemos chegar a São Vicente por volta das 22h30 ou 23 horas, se tudo correr como previsto. Alegam que nada podem fazer, mas os atletas também estão irredutíveis. Dizem que de barco não vão regressar a S. Vicente”, pontua Lopes, para quem, caso consiga convencer os atletas a regressarem de barco, será sob protesto porque todos estão claramente contra.
Inconformados, dois atletas decidiram comprar passagens de avião porque recusam viajar de barco. Todos os restantes vão ter que aceitar a imposição da Fecada. De recordar que Santo Antão, São Nicolau e Brava ficaram de fora desta edição do Campeonato Nacional de Desporto Paralímpico devido a problemas de transporte.