Arranca na próxima semana a construção da estrutura que vai acolher a etapa de Beach Pro Tour – Futures, que acontece na Lajinha de 11 a 14 de dezembro. Com um orçamento inicial de 17 a 20 mil contos, o ato de lançamento das estacas e a apresentação da areia aprovada no Canadá aconteceu esta quinta-feira e foi presidido pelo Ministro do Desporto, Carlos do Canto Monteiro, que destacou o facto do certame contar com participação de atletas de alto nível provenientes de países europeus, africanos, asiáticos e americanos.
Na sua intervenção, o ministro realçou a importância deste evento, cujo impacto, afirma, só poderá ser aferido após a sua concretização, mas sobretudo naquilo que pode resultar nos próximos anos. “O que se passa no desporto em Cabo Verde é fruto de uma opção programática que consta do Programa do Governo. Ter aqui etapas de circuitos mundiais de desportos é uma opção programática do Governo desde 2016”, declarou, citando a título de exemplo as etapas de circuitos mundiais de modalidades como kitesurfe e wing-foil, e lembrou que no próximo ano será a vez do Sal e, no ano seguinte, da Boa Vista.
Segundo o governante, quando se fala em desporto está-se a falar em competições mas também da diversificação da oferta turística do país. “Há algum tempo que vínhamos conversando com a federação sobre a necessidade de fazermos uma aposta forte no beach vôlei, que iniciou com as olimpíadas escolares e já está dando frutos. Hoje temos aqui atletas que participaram nas olimpíadas e que, na sequência, ganharam o direito de representar C. Verde em um evento internacional. Por isso, mais que dinheiro é uma opção política e de programa do Governo, e é tudo integrado. Temos as olimpíadas escolares porque estamos a apostar na iniciação desportiva nos escalões de formação.”
E, daqui há um mês, estes atletas estarão a representar Cabo Verde nesta competição internacional de beach vôlei, onde terão a oportunidade única de competir com duplas de várias partes do mundo. “Por isso esta opção de, primeiro, candidatar-se para acolher esta etapa Pro Tour, que representa muito para o nosso país, sobretudo para os jovens que vão ter a oportunidade de competir. Mas a ambição é chegar na Elite Pro. Vamos trabalhar para, se não for no próximo ano, será em 2027”, perspectivou, destacando a opção do Governo de alocar recursos ao desporto e de fazer acontecer no arquipélago.

Carlos Monteiro aproveitou para apelar à mais parcerias no desporto, ressaltando que a diversificação da oferta turística também beneficia empresas, hotéis e a própria economia nacional. “O sector privado é fundamental. Os resultados do desporto resultam do aumento do orçamento do Estado em mais de 100% nos últimos dez anos. Mas supera de longe o que consta no OGE. É tudo aquilo que conseguimos junto dos parceiros, privados e organizações da sociedade civil e que nos permite em tempo recorde, pós-tempestade Erin, acolher esta etapa, com um recorde de inscrições de duplas internacionais. Temos outras instituições que alocam verbas para que o desporto aconteça com qualidade”.
Sonho de criança
O presidenteda Federação Cabo-verdiana de Voleibol e primeiro vice-presidente da Confederação Africana e responsável garantiu que sempre foi seu desejo trazer algo diferenciado para S. Vicente. “É um sonho de criança. Neste momento, era para eu estar na Austrália, mas preferi estar aqui a preparar a competição no meu país. É uma competição nova em C. Verde e mesmo no continente africano, com excepção da África do Sul, que tem vindo a receber vários eventos similares e que agora estão na elite. Desde a primeira hora disse que tínhamos de receber esta etapa e lançamos este Pro Tour, com aval da tutela, aproveitando a boa onda de C. Verde”, explicou António Rodrigues.
Entusiasmado, este responsável aproveitou para anunciar que, no próximo ano, a ilha do Sal vai acolher o Congresso Africano de Voleibol e convidou os presentes a entrar no site da Federação Internacional de Voleibol para testemunhar a qualidade das duplas que vão estar na Lajinha. “Tivemos alguma influência porque C. Verde tem neste momento um selecionador nacional, o brasileiro campeão do mundo Márcio Araújo, que ajudou a vender a nossa imagem lá fora. Ele está a trabalhar em Cabo Verde, pago pela FIVB, mas com patrocínio local do governo. O Márcio teve um papel relevante no processo e esperamos que os sanvicentinos acreditem e apoiem. Teremos aqui um número elevado de duplas. São pessoas que querem trazer o vôlei e mexer com a nossa economia,” assegurou.
Movimentar a economia de S. Vicente
Do lado da organização, Micau Graça enalteceu a presença do Ministro do Desporto, que delimitou o campo de jogos de oito metros, do presidente da Federação Cabo-verdiana de Voleibol, António Rodrigues, e do presidente do Instituto Marítimo e Portuário, Seidi dos Santos, responsável da segurança marítima dos portos e das praias. “Hoje a partir da meia-noite encerra-se as inscrições para esta etapa. Até o momento estamos com 48 inscritos masculino e 27 feminino, de países de vários pontos do mundo. Só a título de exemplo, dos EUA temos cinco duplas masculino inscritas e dois feminino, da Alemanha temos seis masculino e quatro femininas. Temos um nível de inscrição de top.”

De acordo com Micau, bateu-se todos os recordes porque S. Vicente em particular, e Cabo Verde no geral, gozam neste momento de um papel estratégico em termos de desporto extremamente importante. “Qualquer país do mundo pode vir para estas ilhas competir porque o ambiente é seguro. E o legado de tudo isso, é que estes atletas e equipas vão querer continuar a visitar Cabo Verde posteriormente. Temos equipes da Eslovénia, Noruega, Polônia, Áustria, Japão, entre outros, que neste momento são muito frios. O nosso objectivo é fazer uma boa prova e manter este campo para acolher desportistas. Significa mais recursos para a economia da ilha. São Vicente precisa dar a volta por cima”, disse, lembrando que logo após a tempestade, pensaram em desistir, mas foram incentivados a continuar pela tutela.
Em termos concretos, serão construídos três campos, um deles será o principal e vai receber os jogos de meias-finais e finais. Será iluminado e acolherá jogos noturnos, zona de restauração, animação com música e gastronomia nacional, esta última uma exigência da Federação Internacional de Voleibol (FIVB). “Vamos ter atletas nossos, masculinos e femininos, inscritos,” pontua.

Para a construção da estrutura, a organização conta com apoio da CMSV e da Enapor. Apesar de algum atraso, Micau Graça está confiante, tendo em conta as garantias da empresa Faisca que vai montar a estrutura, . “Acredito que no dia 04 de dezembro estaremos com a estrutura concluída para receber o Lajinha Games, com vôlei e várias outras atividades. O evento vai nos ajudar a testar os nossos voluntários e equipas de trabalho para limar arestas.”
Micau Graça reconhece no entanto algum atraso na divulgação interna, que contrapõe com o volume de inscrição para participação divulgado no site da FIVB. Mas, para compensar esta falha, promete fazer uma apresentação geral das empresas patrocinadoras e das listas de participantes.







