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Armindo Gomes: “O vólei de São Vicente regrediu dez anos”

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Terminado o mandato da antiga presidência, a Associação Regional de Voleibol de São Vicente (ARVSV) prepara-se para realizar uma assembleia geral ordinária para definir os novos órgãos. Para o presidente cessante, Armindo Gomes, esta foi uma gestão complicadíssima e sem apoios ou engajamento. Diz que chegou mesmo ao ponto de arranjar pessoas de fora para o ajudar na direcção, o que o leva a afirmar que a qualidade do vólei de São Vicente regrediu uns dez anos, pelo que é urgente apostar na formação tanto dos atletas, bem como de dirigentes e árbitros.

Armindo Gomes, que diz sair da associação com a cara levantada, avança que se soubesse de antemão que as coisas iriam funcionar desta maneira, não teria assumido a direcção da ARVSV que, pelos vistos, andou na contramão se comparado com o trabalho que fez antes no vólei, enquanto dirigente da Associação Académica do Mindelo. “Durante o tempo que fui dirigente da Associação Académica do Mindelo, nós introduzimos o vólei no clube e fizemos um trabalho de formação. No feminino conseguimos ser campeão regional pela décima primeira vez e dez vezes campeão nacional. São Vicente tinha uma hegemonia no vólei nacional”, explica.

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Se hoje a ilha perde os campeonatos nacionais, explica Gomes, é porque não se fez trabalhos e nem investimentos nos clubes, mormente na associação, que não conseguiu funcionar de forma efectiva porque tinha as contas paralisadas. “E preciso fazer investimentos. E não me refiro a grandes recursos, mas investimento humano, na formação das pessoas. Capacitar os jogadores, através do treino, da formação de jovens, dirigentes desportivos e árbitros. Isto não tem sido feito em nenhuma frente”, considera.

Gestão corrente

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As próprias transferências legais da federação e que constam nos orçamentos todos anos não se concretizaram, segundo explica Armindo Gomes. Este conta ainda que tentou liquidar estas dívidas, mas foi informado de que o prazo já estava prescrito e que foi a direcção anterior quem não entregou os documentos em tempo útil.

“Fizemos uma gestão corrente porque não havia meios. A Câmara, por acaso, em 2018 deu-nos algum valor e este ano também, segundo informações que o vereador me transmitiu, vai haver dinheiro para o vólei. Mas quando cheguei na Associação as contas estavam paralisadas. Portanto, há bloqueios no vólei e enquanto os praticantes e dirigentes não o gerirem em condições vamos continuar na retaguarda. São Vicente foi a primeira ilha a praticar o vólei e gozava de hegemonia, mas hoje parece que regredimos dez anos.”

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Gomes chama a atenção ainda para a falta de vontade das pessoas e a priorização do protagonismo pessoal em detrimento do colectivo. “Instalou-se no vólei em S. Vicente, uma classe de dirigentes que não percebe o desporto. Só querem ganhar a todo o custo, sem fairplay e sem disciplina. Na minha direcção houve cenas de indisciplina que são de bradar aos céus. Inclusive foi aberto um inquérito, mas não há colaboração de ninguém”, frisa.

Para o presidente o Sporting Clube Farense, Carlos Silva, o que falta no vólei de São Vicente é uma aposta no escalão mirim. “O melhor é trabalhar a estrutura de base, mas os clubes em São Vicente nunca tiveram um projecto de mini vólei. Desde 2015 que temos vindo a tentar fazer isso no SCF, com a nossa escolinha de mini vólei, exactamente para trabalhar com as crianças e prepara-las a partir dos 7 aos 13 anos”, explica este dirigente desportivo, para quem o vólei é uma modalidade complexa, porquanto, iniciar essa prática aos 14/15 anos é tarde e dificulta a aprendizagem. 

Outra lacuna apontada por este treinador é a falta de um dirigente com visão capaz de assumir e mudar a forma como as coisas são feitas. “Hoje em dia para um sector funcionar, tem que haver dirigentes. Muitas vezes os projectos falham porque não há um dirigente forte, com determinação, visão e vontade para guiar os outros”. É esta a atitude que Carlos Silva espera da nova direcção e dos clubes, a bem da qualidade do vólei de São Vicente.

A assembleia geral ordinária está agendada para este Domingo, 24 de Fevereiro, na Escola Secundaria Jorge Barbosa, onde além da eleição dos novos membros, será feita a apresentação de contas e uma proposta de revisão dos estatutos e regulamentos internos e de provas.

Natalina Andrade (Estagiária)

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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