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Videografia conquista espaço de reconhecimento e mérito em Cabo Verde

Jovens com talento nas áreas de multimédia têm conquistado o público mindelense com seus trabalhos criativos e cheios de imaginação. Isso tudo faz com que Cabo Verde ganhe não só reconhecimento a nível nacional como internacional, fazendo com que tenhamos profissionais qualificados nacionais. 

Por Joana da Graça* 

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“O caminho está sendo longo, mas já estamos mais perto do nosso objetivo”, diz Mário Jardel Barbosa, mais conhecido por Jardel Barbosa, um jovem formado na área de Comunicação e Multimédia que tem vindo a fazer trabalhos de captação, edição, fotografia, montagem de videoclipes. Barbosa realça também outros nomes como Akira Photography, um jovem fotógrafo que faz fotos recreativas e que tem conquistado um público cada vez maior.

Tudo o que é novo causa estranheza? 

O ser humano sempre sente estranheza perante tudo aquilo que é novo. Isso é normal e é inerente às suas capacidades cognitivas, por isso não seria surpreendente algumas pessoas considerarem essa profissão de videógrafo um pouco estranha. Barbosa diz que muitos não acreditam que a sua profissão tenha um futuro a longo prazo, e acrescenta que muitos tentam convencê-lo a seguir uma profissão que tenha “futuro”, mas ele se considera um pouco rebelde e não acredita no modo convencional de se ser profissionalmente. O jovem diz ainda que as rotinas diárias de 8 horas de trabalho nunca foram algo que o cativasse e sempre almejou construir o seu percurso de vida de forma diferente.

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Atualmente, ser “freelancer” tem atraído um público maior, principalmente na “camada jovem” que tem investido em sua própria carreira, tornando-se cada vez mais autodidata. Estes jovens revelam imensas capacidades. Nas suas páginas de redes sociais podemos acompanhar alguns dos seus trabalhos e ver o quanto estão capacitados. Todavia, ainda existe pouco reconhecimento dos seus trabalhos e isto reflete-se no desnivelamento de preços que outos profissionais cobram por seus trabalhos em comparação com estes jovens.

“É uma área um pouco injusta”, comentou Barbosa, pois os trabalhos não são muito frequentes e têm de ter outras fontes de rendimento para conseguirem se sustentar. Além disso, as pessoas também não aceitam os preços dos seus orçamentos e tentam sempre “da quel crave” ou fazer com que desçam os preços. No entanto, eles se mantêm firmes aos seus orçamentos e, por vezes, as pessoas acabam por desistir dos projetos. Todavia, isso não faz com que estes jovens desistam dos seus objetivos.

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Sendo uma área de atuação um pouco “diferente” em Cabo Verde, estes jovens autodidatas mereceriam mais reconhecimento na medida em que podem fazer contributos de suma importância nacionalmente e na diáspora.  “É um trabalho que requer muitas vezes um ajudante”, realçou Barbosa, e afirmou a importância de haver mais cursos para os jovens, que estão dispostos a frequentá-los. Realça ainda que para terem reconhecimento, têm de possuir algum tipo de formação na área ou trabalhos realizados com grandes nomes das áreas da música, da comunicação, do entretenimento, o que lhes confere mais destaque. “Temos de ter força de vontade e espírito de liderança, todos querem opinar sobre o nosso trabalho, sobre a forma como o devemos fazer, com quem devemos trabalhar, quanto devemos receber e, se estivermos de ânimo leve, tudo isto destrói as nossas ideias, sem nenhum tipo de responsabilidade. “O nosso trabalho também é uma arte”, disse Barbosa. 

Videografia como forma de arte 

Segundo Arthur Tuoto, “Após o surgimento de tecnologias de gravação em vídeo mais acessíveis a partir dos anos 60, alguns artistas passaram a utilizar o vídeo como um meio de expressão. A videoarte, em essência, é uma obra que usa o vídeo como um suporte artístico. Geralmente, as obras de videoarte possuem aspetos experimentais e não narrativos”.  Ainda segundo Arthur Tuoto, “A videoarte pode ser definida como uma forma de cinema experimental produzida em vídeo.  

Isso tudo dá mais ênfase a tudo aquilo que vem sendo criado por estes jovens, como os seus trabalhos podem ser considerados uma arte contemporânea, também como o seu surgimento pode aumentar outras áreas profissionais. Expor os seus trabalhos em galerias para serem contemplados por mais pessoas também seria uma forma de mostrar o quanto a sua arte é valorizada e como seu empenho e profissionalismo não podem depender de um diploma, mas da forma como sua arte é expressa.

“A arte não deve ser subjugada e não deve ser desrespeitada, cada um tem sua forma de ser, de estar, de agir e de se expressar. Dessa forma, ter respeito por uma pessoa que dedica seu tempo e cria algo inovador é motivo de respeito e congratulação. Deve-se ser mais empático com os artistas de videografia, dedicarmo-nos a essa profissão é motivo de aclamação devido a todos os contratempos e desrespeito que sofremos”, afirmou Barbosa.

A arte não deve ser subjugada e não deve ser desrespeitada, cada um tem sua forma de ser, de estar, de agir e de se expressar. Dessa forma, ter respeito por uma pessoa que dedica seu tempo e cria algo inovador é motivo de respeito e congratulação. Deve-se ser mais empático com os artistas de videografia, dedicarmo-nos a essa profissão é motivo de aclamação devido a todos os contratempos e desrespeito que sofremos”, afirmou Barbosa.

Com trabalhos com artistas como Bachard, Revan Almeida, Giio, Don Pablo, Raff luke, Yookace, entre outos, e com colaborações com a Rzr_Films, Barbosa fez uma retrospetiva do seu percurso de vida e diz-se orgulhoso de tudo aquilo que já conquistou, dando destaque aos seus companheiros de filmagens, nomeadamente Aldair Dongo, Toca Vera Cruz. 

O artista dá enfoque à sua educação pessoal e relembra como é importante ter os «pés assentes na terra» e não se deixar enganar pelo deslumbramento monetário. Para ele, estes foram os principais motivos de estar ganhando reconhecimento e notoriedade não só em São Vicente, como em outras ilhas de Cabo Verde; diz-se ansioso por novos projetos e grato a muitas outras pessoas que de certa forma o ajudaram e motivaram. 

Um artista, seja qual for sua arte, deve ser respeitado, pois a arte é um meio de comunicação com capacidade de alcance extraordinária, embora como em outras áreas de comunicação nunca lhe seja dada a devida importância e mérito. Quem cria algo que envolve processos criativos é sempre merecedor de reconhecimento e notoriedade por parte de todos, não esquecendo que a arte em questão é objeto de vários processos até chegar ao momento final

«Os homens deveriam ser lembrados 

Mais por suas atitudes do que por suas palavras 

Mais por seus acertos que pelos seus erros 

E mais por suas virtudes que pelos seus defeitos.» 

Augusto Branco 

*Estudante do 2º ano da Licenciatura em Ciências da Comunicação da Uni-CV (polo do Mindelo).

Trabalho realizado para a disciplina de Português IV Intermodal.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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