O artesão Silvino Delgado estreia nesta que é a 8ª edição da URDI – Feira de Artesanato e Design de Cabo Verde, sob o signo da “Emigração na poética das ilhas”, com “Casa Tradicional d’ Sentanton”, um trabalho artesanal feito exclusivamente com material local. De quebra, a sua obra integra um lote de pelo menos 30 peças que participam no concurso ao Prémio Djoy Soares.
Segundo Silvino Delgado, o seu trabalho retrata o interior de Santo Antão, sua ilha natal. “São casas típicas do interior da ilha, por isso o nome Casa Tradicional d’ Sentanton. Nasci numa casinha como estas por isso é um grande orgulho trazer esta obra e mostrar onde e como viviam os nossos avós”.
Os materiais utilizados para confeccionar as peças, afirma, são basicamente platex, pedra basáltica fina, ‘saia’ de coco para a cobertura das casas, vara de trepadeira, pau de café, caule de bananeira seca, corda de carrapato e dragoeiro para fazer as portas. “São materiais todos materiais locais, felizmente.”
Este explica que começou a fazer este trabalho a cerca de três anos. Aprendeu e foi perfeiçoando esta sua arte sozinho e hoje já é dono do atelier Pedrarte. “Trabalho sozinho, mas penso grande, inclusive já tenho um terreno onde pretendo montar uma oficina para ensinar adolescentes e jovens a minha arte. Na minha zona, Chã das Furnas, tem muitos adolescentes que têm demonstrado interesse em ver e depois praticar. Alguns inclusive já arriscam fazer casas pequenas. Ainda não fazem um trabalho de qualidade, mas estão a apreender para assim dar continuidade a este trabalho.”
A par das casas tradicionais, este artesão faz outros trabalhos, designadamente pilão de pedra, forragem de garrafas, candeeiros, quadros, entre outros. “Tento sempre inovar e diversificar o meu trabalho. Moro em uma pequena comunidade, Chã das Furnas – Sinagoga, concelho da Ribeira Grande de Santo Antão e esta é a minha primeira vez nesta feira. Espero que o meu trabalho seja conhecido em outras ilhas e porque não também no exterior porque é uma arte tradicional de Cabo Verde.”