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Carnaval 2022: Grupos oficiais de SV expectantes, CMSV deverá anunciar decisão definitiva esta sexta-feira

Os grupos carnavalescos de S. Vicente estão expectantes quanto ao desfile oficial em 2022, marcado para 01 de março. Defendem que as condições sanitárias estão reunidas tendo em conta a meta estabelecida pelo Governo para números de casos novos de Covid-19 e a taxa de vacinação, mas falta uma comunicação oficial das autoridades – no caso do Primeiro-ministro e dos ministros da Cultura e da Saúde – a confirmar a realização do certame. Para eles, essa dúvida deve ser esclarecida o mais tarde até final deste mês. O Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas mostra-se favorável à realização do evento devido a elevada taxa de vacinação contra a Covid-19, mas só na próxima sexta-feira a Câmara Municipal de São Vicente deverá anunciar uma decisão final.

António Duarte, presidente do “Monte Sossego”, é um dos mais optimistas e cita como argumentos para se realizar a festa do Rei Momo em 2022 os elevados índices de vacinação, sobretudo na região norte do país, em que as taxas de cobertura estão superiores a 80 por cento. “A questão que pode ser colocada é se há condições financeiras, de tempo e logísticas para a execução dos projectos. Não acredito que um grupo que tem uma visão e uma proposta não tenha um projecto. No caso do Monte Sossego, estamos a reajustar o enredo que seria de 2021, em função daquilo que é nossa pretensão.”

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Outra vantagem, de acordo com Patcha, é a data do Carnaval, que “cai” no dia 1 de março de 2022. Reconhece que, se o certame fosse em inícios de fevereiro seria mais apertado. Realça, no entanto, que nenhum grupo abre os seus estaleiros antes do final do ano, mesmo quando o Carnaval acontece em fevereiro. “Podemos até fazer algum trabalho antes, mas a produção é baixa. É só depois do final do ano que os grupos interiorizam que precisam operacionalizar os estaleiros e procurar as costureiras. O facto de o Carnaval ser a 01 de março acaba por favorecer todos os grupos que verdadeiramente estão interessados em dar a sua contribuição. Por isso é que digo que temos tempo”, assevera.

Confiante, o grupo Monte Sossego já está a preparar a máquina, estando a aguardar apenas o anúncio oficial. Quanto a possíveis constrangimentos financeiros, lembra que os grandes parceiros do Carnaval têm sido a Câmara de São Vicente e, mais recentemente, o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas. Mas Patcha acredita que houve “muita poupança” devido ao cancelamento do Carnaval em 2021 e dos desfiles de verão em 2020 e neste ano. “É obvio que não é uma aritmética linear, mas acredito que é possível viabilizar a verba estipulada. Antes, quando foi decretado o estado de emergência e todos foram confinados, fui o primeiro a afirmar que o Carnaval não era prioridade em 2021. Na altura, a prioridade era a saúde dos cabo-verdianos. Mas agora, por todas as declarações acima, há condições para termos Carnaval.”

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Patcha elogia, entretanto, o “enorme esforço” feito pelo Governo para se ter vacinas com garantia em Cabo Verde e que possibilitaram alcançar o quadro actual de diminuição drástica de casos positivos, devido a imunização geral dos cabo-verdianos. “Tivemos ontem uma reunião com a CMSV, mas este encontro foi basicamente para se criar expectativa. O compromisso é na sexta-feira se anunciar uma decisão definitiva – se vai haver Carnaval. Os grupos que estiveram presentes manifestaram a sua disponibilidade em desfilar. Do lado do Monte Sossego, aquilo que desejamos é que haja o mais breve possível um anúncio do PM ou do MCIC de que haverá Carnaval. Mas tem de ser agora para que as pessoas possam preparar as suas vidas em função do evento. Estamos a falar das milhares de pessoas que se deslocam ao país para assistir e participar no Carnaval, com reflexo directo na economia.”

Menos efusiva, até porque se encontra acamada, D. Lili Freitas optou por prorrogar uma resposta directa quando confrontada por Mindelinsite sobre a possibilidade de haver ou não um desfile do Vindos do Oriente no Carnaval 2022. Segundo D. Lili, ainda está a analisar os prós e contra. Por isso prefere, pelo menos por agora, abster-se de se pronunciar, até porque, salienta, qualquer afirmação sua feita agora pode servir de “munição” mais para frente. “Ontem os grupos carnavalescos de São Vicente reuniram-se com a CMSV. Infelizmente não pude estar presente, então prefiro não adiantar nenhuma informação a priori”, refere.

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Decisão tardia – Carnaval espontâneo

Sem conhecer as posições dos demais colegas, o presidente do grupo Estrelas do Mar diz não ter expectativas quanto ao Carnaval em 2022 porque os decisores ainda não se pronunciaram. “Temos estado a preparar o nosso desfile, mas, quando não se tem nenhuma certeza, não de pode avançar muito. Ficamos travados. Também não sabemos se uma decisão definitiva virá da Ligoc, da CMSV ou do MCIC. Penso que deveria ser uma decisão conjunta, suportada pelo Ministério da Saúde e demais organismos envolvidos no combate à Covid.”

A nível sanitário, Nando garante que o cenário é favorável porquanto a vacinação está a avançar e os novos contágios a diminuir. Apesar disso, apela a uma decisão célere até porque o tempo “corre”. Aliás, diz, qualquer decisão já vem tarde. “Da parte do grupo Estrelas do Mar vou ter uma posição firme. Já estamos em novembro e penso que, a acontecer, deveria-se optar por um Carnaval espontâneo em 2022. Ou seja, deixar as pessoas saírem à rua para brincar de forma livre, com máscaras, mandingas, zorros e muita animação. Nesta altura, fazer um Carnaval ao nível daquilo que queremos seria difícil. Por isso, não estou de acordo em se fazer um carnaval oficial. A espontaneidade também tem o seu impacto”, alega.

Na mesma linha, o presidente da Escola de Samba Tropical defende que já é tarde para se realizar um desfile de Carnaval à altura das expectativas e das ambições dos grupos. David Leite acredita, no entanto, que o grupo poderá trabalhar para fazer uma performance numa outra altura, que não no próximo mês de março.

Não foi possível falar com os presidentes dos grupos Cruzeiros do Norte e Flores do Mindelo. Já o presidente da Liga Independente dos Grupos Oficiais de São Vicente, prefere não garantir a realização do Carnaval em 2022, pelo menos por agora, até porque, diz, ainda não houve uma reunião com os grupos que constituem a Liga. “É preciso uma concertação entre todas as partes. Temos também de ter a CMSV do nosso lado, para só depois contactar as demais autoridades. Não depende apenas da Ligoc. Aqui a palavra é do Governo porque há medidas sanitárias a respeitar”, declara.

Novo normal

Marco Bento admite, entretanto, que a situação começa a voltar ao normal e que muitas das medidas vigentes nos últimos meses estão a ser relaxadas, os eventos começam a voltar ao activo, apontando como exemplo os anúncios do AME e do Kriol Jazz em 2022. Isto significa que, também, se pode fazer o Carnaval.

Abordado pelo Mindelinsite, o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas adianta que irá anunciar em finais de novembro a possibilidade ou não de haver Carnaval no próximo ano. Abraão Vicente assegura que será um anúncio formal depois de um encontro com a Liga Independente dos Grupos Carnavalescos de S. Vicente.

“Neste momento, tudo indica que, com o nível da vacinação, que já atingiu os 80% da população elegível, é pososivel termos Carnaval não só na cidade do Mindelo, mas a nível nacional. Mas teremos o foco em S. Vicente, onde vamos reforçar o financiamento em relação ao valor anterior“, adianta o ministro Abraão Vicente, que espera fazer um fórum sobre o Carnaval em S. Vicente ainda antes do final do ano. Um encontro que será realizado assim que o MCIC fechar acordo com o Fundo do Turismo sobre o valor a ser atribuído à festa do Rei Momo.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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