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Bety Gonçalves “envaidece” Kafé Galeria Djandjan com exposição “Sereia na Mato”

Uma mostra que representa a sensualidade de mulheres que atraem homens, procuram o “clímax na noite” e terminam na penúria, num retrato dos contos clássicos envolvendo sereias e navegadores foi inaugurada na quinta-feira, no Kafé Galeria Djandjan. São14 belíssimas estatuetas feitas com pasta de papel e duas aquartelas e vão estar patentes ao público até o dia 14 de setembro. 

As obras são de Elisabete “Bety” Gonçalves, conhecida sobretudo por sua carreira no teatro mas que, que através do trabalho com a pasta de papel, expõe a beleza e sensualidade que emana da mulher numa “encenação” dos males de uma sociedade predominantemente machista. O nome “Sereia na mato”, explica, deve-se a atitude dos homens que saem à noite em Santiago com a desculpa de “un sta na mato” para procurar mulheres confiantes, luxuosas e dominadoras, algo que não admitem em casa.

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As sereias que estes homens procura, segundo Bety, são o oposto completo da “mulher de família”. “As sereias são as pomposas ‘Badias’ que emanam confiança e sensualidade e que encantam, e assim como nos contos antigos em que os marinheiros se deixavam enfeitiçar pelo canto das sereias para uma morte certa, que no caso pode-se dizer é a ‘a falência’ desses homens,“ detalha.

A artista revela que se inspirou  para esta exposição sobretudo na “mulher-badia” como sereia e seu palco a noite na Santiago, ilha onde vive actualmente. Segundo Bety, inicialmente as obras eram representadas em aguarela mas, com o tempo e a experiencia, viu que faziam mais sentido trabalhar em algo que se sentia mais à- vontade e cujo resultado lhe daria um prazer enorme, o papel. 

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Trata-se de um material que, afirma, usa há mais de 20 anos, enquanto docente da disciplina de Artes Plásticas e Educação Artística na Escola Secundaria Cesaltina Ramos na ilha de Santiago. Para esta artista, o papel supostamente espelha a mulher que “inúmeras vezes é usada e descartada”. Bety explica que usou também material reciclado pois mantêm a consciência ecológica.

Embora não se considere uma feminista, deixa claro que apoia a mulher que se impõe. Nesta exposição, indica, cada estatueta tem um nome e significado, mas mantêm a ideia do machismo que durante muito tempo foi transmitido por varias gerações como algo orgânico e crucial, em que o homem é quem manda. “Ma lá na mato el ka ta manda, kem ta manda eh mudjer,” assegura, realçando que, do seu ponto de vista, o machismo é algo que esta em declínio.

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Elisabete Gonçalves fez teatro durante a maior parte da sua vida. E ainda participa de pecas teatrais, mas não mais como atriz. Tem-se assumido mais como encenadora e produtora de adereços. Aliás, a disposição e a iluminação das estatuetas lembram uma encenação teatral e transmite uma mensagem.

Andrea Lopes (Estagiágia)

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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