Antologia de poesia cabo-verdiana contemporânea no Zero Point Art
A poesia contemporânea cabo-verdiana vai estar em evidência este Sábado no espaço Zero Point Art, com a apresentação da Revista Atlântida, uma publicação do Instituto Açoriano de Cultura (IAC) com treze poetas nacionais: Corsino Fortes, João Vário, Osvaldo Osório, Mário Fonseca, Jorge Carlos Fonseca, Tchalé Figueira, Arménio Vieira, Vasco Martins, Filinto Elísio, Vadinho Velhinho, Mário Lúcio, Zé Luís Tavares e António “Tony Nevada” Neves. A apresentação da obra vai estar a cargo do responsável pela selecção e organização, Tony Nevada, e contará com a presença do Prémio Camões, Germano Almeida, e de um dos antologiados, Vasco Martins. A inciativa está inserida no Festival de Cinema Eco, que acontece de 5 a 11 de Abril.
Tony Nevada explica que a ideia, com esta antologia, é mostrar a poesia contemporânea que se faz em Cabo Verde em pleno século XXI. “Em rigor, abarcamos desde a metade de 1900 até hoje. Fui muito criterioso na escolha dos poetas, mas não deixa de ser uma escolha muito pessoal. Estão organizados por ordem cronológica de nascimento, apesar de, normalmente, eu ser um crítico do pensamento cronológico. Isso porque não estava à procura daquilo que une os nossos poetas porquanto, sendo todos cabo-verdianos, o seu universo de inspiração é comum. No entanto, aquilo que para mim é mais importante nesta antologia é a diferença. No fundo, esta dá um contexto universal à nossa poesia e que atinge uma outra dimensão.”
Foi sobretudo a qualidade que ditou a escolha desses 13 poetas que, no entender de Nevada, são neste momento os maiores escritores contemporâneos de Cabo Verde. Alguns dos trabalhos, diz, são inéditos. Mas a maioria resulta de recolha para solidificar a dimensão atlântica desta revista de periodicidade anual. “O IAC tem tido ao longo dos anos o cuidado de ter publicações temáticas sobre Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde. Aliás, não é a primeira vez que o Instituto insere na revista assuntos sobre o nosso país. Mas esta é especial porque contém, para além das poesias, dois artigos da minha autoria e as imagens internas são pinturas do Alex Silva, na sua maioria rostos inspirados no arquipélago. São imagens fortes e que mostram a sua plenitude artística. A própria capa é um rosto cabo-verdiano.”
Talvez por isso o IAC tenha optado por fazer a sua apresentação em Cabo Verde, o que acontece pela primeira vez desta a sua criação. Nevada lembra, no entanto, que o instituto tem há vários anos um áudio-livro sobre Chiquinho, de Baltazar Lopes da Silva, o que mostra que esta antologia não aconteceu por acidente. “O IAC tem tido este cuidado e este intercâmbio com a temática e a cultura cabo-verdiana. Aliás, vai estar representado nesta apresentação por mim – faço parte da actual direcção do Instituto – e pelo antigo presidente Jorge Bruno, que se deslocou propositadamente a São Vicente para participar neste festival Eco, onde vai aproveitar para fazer uma apresentação do instituto e da revista Atlântida.”
O poeta Tony Nevada, refira-se, reside há cerca de 18 anos nos Açores. Para além de pertencer à direcção do AIC, colabora há vários anos com a revista. Aliás, na semana passada representou o instituto na semana de poesia de Angra do Heroísmo, denominada “Smog-Poesia”, evento que tem levado a poesia às ruas, bares, restaurantes, autocarros e outros locais emblemáticos daquela cidade portuguesa, que é também património mundial.
Constânça de Pina