As restrições decididas pelos governos para travar a nova vaga de covid-19 na Europa levaram este sábado milhares em protesto para as ruas na Áustria, mas também na Irlanda do Norte, Holanda, Itália, Suíça e Croácia. Dezenas de milhares de manifestantes, muitos membros de grupos de extrema-direita, marcharam em Viena, depois de o Governo austríaco ter anunciado um confinamento nacional a partir de segunda-feira para conter as crescentes infeções pelo coronavírus responsável pela pandemia.
Em Roterdão, Holanda, manifestantes incendiaram viaturas, apedrejaram lojas, cortaram estradas com pneus, caixotes de lixo a arder e atacaram a polícia com pedras e garrafas em protesto contra as novas medidas que estão a ser consideradas pelo Governo, de entre os quais a proibição da entrada de não vacinados em lojas, restaurantes e outros recintos fechados. A polícia holandesa foi obrigada a disparar para o ar para conter os manifestantes. O presidente da câmara Municipal, Ahmed Aboutaleb, descreveu a acção dos manifestantes como “uma orgia de violência”. “O direito de protestar é muito importante na nossa sociedade, mas aquilo que vimos foi, apenas, comportamento criminoso. Não teve nada a ver com uma manifestação”, afirmou o ministro da Justiça, Ferd Grapperhaus.
Na Áustria, o confinamento, que começou por ser só para não vacinados, passa a ser para todos na segunda-feira e por um período mínimo de 10 dias. Esta decisão foi anunciada depois de a mortes diárias terem triplicado nas últimas semanas e os hospitais dos estados mais atingidos avisarem que estão a atingir o limite da capacidade. O governo também tornará obrigatória a vacinação no país, onde menos de 66% da população está vacinada.
Manifestações também ocorreram ontem na Suíça, Croácia, Itália e Irlanda do Norte, com as pessoas a protestar contra as restrições como a obrigação de certificado – atentando a vacinação, teste ou superação da doença – para entrar em restaurantes, mercados de Natal ou eventos desportivos, a vacinação obrigatória ou o encerramento de actividades.
Na Suíça, 2.000 pessoas protestaram contra um referendo sobre a aprovação da lei que permite a imposição de restrições, alegando que é discriminatória, informou a emissora pública SRF. Em Itália, 3.000 pessoas juntaram-se em torno do Circo Maximus, em Roma, para protestar contra a exigência do certificado que garante que se está vacinado ou livre da covid-19 para aceder aos locais de trabalho, restaurantes, cinemas, teatros, recintos desportivos e ginásios, bem como para viagens de longa distância de comboio, autocarro ou ‘ferry’.
Na Irlanda do Norte, várias centenas de pessoas que se opõem ao certificado covid-19 protestaram à porta da câmara de Belfast. O governo da Irlanda do Norte decidiu esta semana restringir horários e tornar o documento obrigatório para admissão em clubes noturnos, bares e restaurantes. Também na Croácia, milhares de pessoas reuniram-se na capital, Zagreb, carregando bandeiras, símbolos nacionalistas e religiosos, juntamente com bandeiras contra a vacinação e o que descrevem como restrições às liberdades. O ministro do Interior francês, Gerald Darmanin, condenou os violentos protestos na ilha de Guadalupe, um dos territórios ultramarinos da França, onde 29 pessoas foram detidas, quando protestavam contra a decisão de impor um recolher noturno a partir de terça-feira.
A Organização Mundial de Saúde manifestou “grande preocupação” com o aumento de casos de covid-19 na Europa e advertiu que cerca de 500 mil pessoas podem morrer até março de 2022 se não forem tomadas medidas urgentes.
C/Agências Internacionais