Encontram-se em S. Vicente cinco elementos da “Bibidó”, figura incontornável do carnaval da Praia, para um intercâmbio intitulado “Fusão Cultural Mandinga de Ribeira Bote e Bididó”, que decorre até o dia 04 de fevereiro. Durante cinco dias, estes dois grupos culturais expontâneos realizam uma troca artística que visa celebrar e fortalecer as tradições carnavalescas de Cabo Verde.
De acordo com a mentora do projecto, estão previstos desfiles, workshops e apresentações culturais que destacam a criatividade e a história das expressões carnavalescas cabo-verdianas. “Este intercâmbio é uma oportunidade única de promover a união entre as ilhas, destacando a riqueza e a diversidade cultural que caracteriza o carnaval cabo-verdiano”, explica Hermem Freire.
Para isso, vão visitar o estaleiro dos mandingas da Ribeira Bote em S. Vicente, conhecer os materiais usados para fazer a pintura corporal e os adereços utilizados para montar a fantasia. Isso, não obstante, na Praia o Bibidó utilizar apenas roupas de trapos, similar às tradicionais mascrinhas. “Queremos dialogar e partilhar experiência com os mandingas de Ribeira Bote porque somos ambos grupos informais, originários da cultura oral, que desfilam pelas ruas na época do carnaval. Os nossos adereços são basicamente roupas recicladas e trapos, mas acho que podemos melhorar mutuamente.”
Com este intercâmbio cultural, Hermem Freire diz esperar um estreitar de relacionamento com os mandingas e, quem sabe no futuro, estes possam retribuir a cortesia com uma deslocação à ilha de Santiago. Mas o objetivo maior, diz, é os dois grupos mostrarem a importância desta manifestação cultural, não apenas a nível da música, mas da tradição histórica e oral do arquipélago.
Instado a explicar o que significa Bibidó, que é desconhecido em S. Vicente, esta responsável do projecto explica que se trata de um personagem muito conhecido na ilha de Santiago. “Bibidó significa mascarado. É uma figura que aparece todas as semanas, à semelhança dos mandingas, para anunciar o aproximar do Carnaval, com animação pelas ruas e, posteriormente, o enterro. São pessoas que usam máscaras para animar as comunidades, mas não se sabe quem está por detrás do personagem.”
Eram também utilizados para educar as crianças, pelo medo. Ou seja, as mães ameaçavam as crianças que não queriam estudar ou que faziam “xixi” na cama com o Bididó para as estimular a mudar, conclui Hermem Freire, deixando claro que este intercâmbio busca envolver a comunidade local e visitantes, reafirmando a importância da preservação e inovação nas tradições culturais do país.
A vinda do projecto “Bibidó” à ilha de São Vicente conta com parceria do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas.