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Universitários retidos em Portugal à espera do título de residência: “Sem o documento não podemos ir de férias para Cabo Verde”

Estudantes universitários cabo-verdianos estão retidos em Portugal à espera da atribuição do título de residência para poderem viajar de férias. Este facto foi relatado ao Mindelinsite por um pai e confirmado pelo filho, que está a cursar Engenharia Civil e do Ambiente no Instituto Politécnico de Viana do Castelo, e também por um outro estudante. Mas há mais universitários, sobretudo os novatos, ainda sem cartão de residência.

Pelos dados que dispõem, a AIMA, nova agência criada em Portugal para substituir o
Serviço de Emigração e Fronteiras (SEF), está atolada de pedidos e incapaz de cumprir os
prazos normais. “Normalmente, um título de residência é atribuído entre 30 a 45 dias. Mas
há estudantes que aguardam desde dezembro”, 
relata Hernano Santos. Este pai garante que contactou
directamente a Agência para a Integração, Migrações e Asilo e foi informado da situação.
Ele que está em dúvidas se o filho pode vir gozar férias em S. Vicente, apesar de já ter
comprado a passagem.

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Temos de comprar a passagem cedo quando o preço está mais em conta. Mas as férias
estão à porta e ainda não sabem quando irão receber o título. E é arriscado saírem de
Portugal sem o documento porque podem ter problemas em voltar a entrar”,
 relata
Hernano Santos, para quem os estudantes estão literalmente presos em Portugal.

Abordado pelo Mindelinsite, Bruno Santos explica que foi convocado para ir à AIMA, em
Cascais, no dia 22 de janeiro passado, numa altura em que estava em exames. Inclusive teve
de faltar a um teste para avançar com a documentação. “Tinha uma marcação para as 11
horas da manhã, mas só fui atendido às 13h30. Disseram-me que, em um mês e meio a dois,
já teria os meus documentos em mão. Infelizmente, até agora não recebi nada. E não
consigo entrar em contacto com esta instituição para saber sobre o meu processo”, 
relata.

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Entretanto, porque pretendia desfrutar as férias de verão em Cabo Verde, decidiu comprar a
sua passagem com antecedência, por forma a aproveitar os descontos da época baixa.
Agora, diz, corre o risco de não viajar e perder o investimento feito. “Sem o título de
residência posso ir de férias, mas dificilmente conseguiria retornar. Por isso, eu e o meus
colegas que estamos na mesma situação estamos muito ansiosos. Todos os dias verifico a
minha caixa de correio para ver se tem alguma novidade porque viajar sem o documento é
um risco que não pretendo correr.”

Processo em avaliação

Este jovem informa que, recentemente, conseguiu falar ao telefone com a AIMA, mas
limitaram a dizer-lhe que o seu processo ainda está em avaliação. “É frustrante. Quatro
meses depois o meu pedido de cartão de residência ainda está em avaliação”, 
desabafa.
No ano passado a minha namorada enfrentou a mesma situação. Viajou sem o documento
e, felizmente, conseguiu contactar um colega de Coimbra que levantou-lhe o título e o
enviou para S. Vicente”,
pontua.

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No seu caso, Bruno Santos admite que tem mais a perder porque, para além dos estudos em
Engenharia Civil e do Ambiente no Instituto Politécnico de Viana do Castelo, teme perder a
pré-época pelo Sport Clube Vianense – Futebol SAD. “Fiz a minha inscrição logo após
obter o recibo da AIMA, que mostra que solicitei o cartão de residência. Pretendia viajar
para Cabo Verde no dia 28 de junho e regressar a tempo de fazer a pré-época.” 

Nuno Leite, estudante do curso de Engenharia de Redes e Informática, confirma o relato do
colega. Informa que concluiu o pedido do título de residência em 28 de dezembro do ano passado e até hoje não obteve o documento. “E nunca me disseram quando o processo estará pronto”, acrescenta.

Segundo este universitário residente em Viana do Castelo, pode até viajar, mas ciente do
risco de ver a reentrada em Portugal negada, sem o devido cartão de residência. Além do
título, o jovem diz que há um ano que espera o seu passaporte português.

Pelas informações que dispõe, Nuno Leite afirma que alguns colegas já receberam os títulos de residência, mas a lista de espera ainda é longa.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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