
Uma missão conjunta da Unicef Cabo Verde e Portugal, encabeçada por David Matern e Beatriz Imperatori, está de visita a São Vicente e Santo Antão para avaliar o impacto da parceria iniciada no ano passado e que permitiu trazer fundos para o país para investir no futuro das crianças. O representante residente dos Escritórios das NU em Cabo Verde, David Matern, foi mais incisivo e disse estar “extremamente contente” por implementar novas e inovadoras parcerias nas ilhas, sobretudo porque permitem atrair a atenção de doadores privados para o arquipélago.
“Fico extremamente contente de implementar novas e inovadoras parcerias, sobretudo aquelas que nos permitem trazer o privado para Cabo Verde. E foi esse o principal objectivo de uma campanha do Comité Nacional da Unicef em Portugal, lançada no ano passado para ajudar e investir nas crianças em Cabo Verde. O extraordinário é que mais de 10 mil cidadãos portugueses, mas também da diáspora cabo-verdiana, foram capazes de mobilizar cerca de 45 milhões de escudos que agora, em estreita parceria com o Governo, a nível nacional e das 22 autarquias, estamos implementando”, declarou.
Em um contacto com a imprensa, David Matern explicou que o propósito desta deslocação – que contempla visitas de cortesias aos autarcas, escolas, projectos implementados por organizações da sociedade civil, caso da OMCV, encontros na cidade do Porto Novo com o Ministro da Família, de entre outros – é analisar a situação e os frutos das parcerias que a Unicef iniciou no ano passado. Frisou que, a nível mundial, os tempos são difíceis, tendo em conta o aumento dos conflitos, que se traduzem numa redução da ajuda oficial ao desenvolvimento, a principal fonte das NU, incluindo desta agência.
Todas estas atividades, garante, fazem parte do Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável (PEDS II). Por isso, conforme o programa, estão agendadas visitas a escolas, jardins, discussões com o ICCA e as Câmaras Municipais sobre o impacto das parcerias nas ilhas de São Vicente e de Santo Antão. “Através da nossa parceira, estamos colaborando com o Ministério da Saúde em um programa de higiene e saneamento em todas as escolas do país. Temos também fundos que são utilizados para melhorias em casas de banho nas escolas. E pudemos ver a importância desse investimento na Escola de Pedra Rolada e também recolher informações sobre possíveis intervenções no futuro”, exemplificou.
Neste momento, para além da parceria com o Governo, segundo David Matern, a Unicef Cabo Verde trabalha com duas organizações da sociedade civil – Aldeias SOS e a Acrides – na luta contra a violência sexual e responsabilização parental. A expectativa agora é aprofundar a parceria com outras ONG’s. Por isso, a visita ao projecto “Luz para as Meninas”, implementado pela OMCV e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), para dar possibilidade de estudar às crianças em situação de vulnerabilidade, fornecendo eletricidade. “Visitamos este projecto para demonstrar a amplitude do trabalho do Escritório Conjunto do PNUD, Unicef e UNFPA, mas também com a ideia de potenciar e levar as lições aprendidas aqui em S. Vicente para outras ilhas”, assegurou.
Já a directora executiva da Unicef em Portugal, Beatriz Imperatori, apontou várias razões para o programa apoiar Cabo Verde, sendo a mais relevante a “extraordinária” evolução que o país tem tido nos últimos 50 anos. Realçou, igualmente, o facto de as pessoas em Portugal acreditarem que o investimento aqui feito dá resultados. “Há uma consideração de confiança relativamente ao trabalho que é feito pelo Governo e pelas entidades públicas, obviamente em parceria com os escritórios das Nações Unidas e com parceiros locais. Esta é a primeira razão para termos lembrado de Cabo Verde. Por isso estamos aqui, para conhecer os sitios onde o trabalho vai ser realizado e podermos levar um resposta a todos que também depositaram a sua confiança em nós.”
Em suma, o objectivo da visita é assegurar que os fundos estão a ser bem utilizados, não obstante a confiança reiterada pela Unicef nas autoridades nacionais e locais, e também nas instituições parceiras.