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UCID pede ao Governo para olhar para S. Vicente com “olhos de ver” e resolva a situação dos “Torturados de 1977”

A UCID disse hoje em conferência de imprensa, no término de mais uma visita de círculo eleitoral, que as famílias de S. Vicente continuam a enfrentar dificuldades relativamente ao sustento e às condições de habitabilidade e pediu ao Governo para olhar para a ilha com “olhos de ver”. António Monteiro desafiou, por outro lado, o Executivo a cumprir a sua palavra para com as vítimas de torturas e maus-tratos de S. Vicente e Santo Antão, na sequência da aprovação, em junho último, da lei que lhes atribui uma pensão mensal de 75 mil escudos e que mereceu a aprovação de todos os partidos com assento parlamentar.

Para o líder da UCID, pouco ou nada se tem feito para que as famílias da terra do Monte Cara possam ter os recursos necessários para assumir as suas responsabilidades. “São pessoas que não conseguem ter uma casa em condições, que têm dificuldades em mandar os filhos para a escola e que vivem a mendigar para assumirem as suas responsabilidades”, afirmou Monteiro, que aproveitou para alertar os poderes Central e Local, uma vez mais, para encontrarem os mecanismos económicos necessários para que S. Vicente possa gerar mais riqueza para as famílias. 

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Segundo o Presidente da UCID, o rendimento vem do emprego mas, por aquilo que tem constatado, tendo em conta que ainda não há resultados oficiais sobre a taxa de desemprego, a situação é critica. “Encontramos centenas de jovens encostados nas esquinas nos bairros; centenas de pessoas de meia idade sem um dia de trabalho. Tudo isso acaba por prejudicar as pessoas, as famílias e a sociedade de uma forma geral”, diz, o que o leva a apelar o Governo para fazer a economia descolar da zona pantanosa onde se encontra. 

É que, constata, as medidas e obras anunciadas não têm surtido o efeito pretendido. E a situação tende a manter-se, já que o Orçamento do Estado de 2020 é um “copy paste” dos anos anteriores. “O Governo e a Câmara devem procurar parceiros externos para investirem na ilha; criar uma linha de crédito funcional para que os operadores económicos da ilha possam ter acesso ao crédito e fazer avançar os seus negócios.”

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Torturados de 1977

Relativamente a este caso em concreto, a UCID lembra que há cerca de um ano o Governo prometeu resolver o caso das vítimas de torturas em 1977. No entanto, mesmo depois da aprovação da lei, este não consegue sequer publicar a lista dos cidadãos que foram torturados pelo então regime de partido único. “Entendemos que há uma falta de respeito para com estes cidadãos, cuja única falha foi terem tido ideias diferentes relativamente à gestão do país. O Governo está a fazer tábua rasa desta situação ao não publicar esta lista. Já é altura de colocarmos um ponto final e darmos a estes cidadãos aquilo que têm direito para minimizar o seu sofrimento.”

Instado se as recomendações do Presidente da República podem estar a atrasar o processo, Monteiro lembra que a lei aprovada é específica e refere-se aos “Torturados de 1977”. Por isso o líder da UCID diz não entender esta demora porque o âmbito da lei é muito clara e, pelo que se sabe, não houve mais torturados pelas ilhas a não ser os de 1977 em S. Vicente. “São mais de 36 pessoas. Esta demora é incompreensível. Muitas destas pessoas estão vivas e a lutar desde longa data para isto”, conclui. 

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Constânça de Pina

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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Um Comentário

  1. O governo há de despachar com o desembolso desses valores às respectivas famílias, quando já estiverem mortas ou quase a morrer (desembolsar por poucos meses ou até por nenhum dia, ou seja, nada).
    Por enquanto, vai utilizando esse valor noutras coisas mais úteis, não para o povo, mas sim , para o governo.
    Já é a tradição da desonestidade e da desumanidade.

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