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UCID faz declaração política sobre estado de contingência para SV

A UCID diz que foi “uma grande surpresa” a declaração tardia de estado de contingência para São Vicente, tendo em conta que, afirma, a lei de bases que regula os procedimentos de Protecção Civil define de forma clara as situações em que o governo poderá intervir em caso de fenômenos climatológicos e outros desastres. Apesar disso, João Santos Luís acredita que, com as sugestões apresentadas por seu partido, ela possa ser efetivada da melhor forma possível.

Na declaração politica apresentada hoje no Parlamento, Santos Luís mostrou-se ainda mais surpreso e no seu entender os cabo-verdianos também com os motivos invocados porquanto, afirmou, não houve nenhuma estrada cortada em São Vicente, mormente estradas nacionais e nem mesmo os acessos aos portos e aeroportos foram obstruídos. “A reação tardia, bem como, o valor financeiro supostamente em causa, para se justificar esta mesma resolução, declarando o estado de contingência sobre a ilha do Monte Cara, é no mínimo estranha”, indica o presidente da UCID.

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Citando um deputado do MpD que terá afirmado que o valor em causa a ser disponibilizado pelo Governo rondará os 50 mil contos, Santos Luís defende que se está perante vários nuances, que precisam ser esclarecidos, sob pena de existirem outras interpretações que poderão criar nos sanvicentinos um sentimento perverso quanto à utilização pelo governo de situações graves, guardados para determinados momentos, para serem utilizados como arma de arremesso e defesa politica.

“A ser esta a interpretação, é claro que, o povo de São Vicente poderá reagir de forma contundente mostrando ao MpD e ao Governo que as desgraças vividas por uma parte dos saovicentinos não podem e nem devem ser utilizadas para uma mera teatralização política”, sublinha, realçando que a chuva de 6 de setembro foi na realidade uma benção para a ilha, que há vários anos não via tanta água.

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Sobre este particular, admite este politico que o volume pluviométrico caído em São Vicente, de forma natural, criou algumas situações de aflição para muitas famílias que habitam residências em mau estado de conservação e também naquelas que habitam casas feitas de chapas ou materiais similares. Também trouxe alguns problemas para os agricultores da Ribeira de Vinha e Ribeira de Calhau. Igualmente a cidade do Mindelo e arredores foram fustigadas por enxurradas e lama.

Aliás, prossegue, tem sido hábito aquando das chuvas, devido à não existência de um sistema de correção torrencial, a um mau dimensionamento e a não existência de redes de escoamento das águas pluviais, ver a rede dos esgotos durante vários e vários dias entupido, fazendo com que as águas negras ao invés de circularem pela rede de esgoto circulem pelas estradas e vias, em direção ao mar. 

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Com esta declaração e a forma como ela é feita, não vislumbramos qualquer possibilidade de saneamento de todas as causas que vêm ano após anos, por altura da queda das chuvas, atormentando a ilha de São Vicente”, desabafa o líder da UCID, referindo que em outros tempos, houve chuvas que fizeram maiores estragos em SV e outras ilhas, e não há planos de contingências para as mesmas. Entretanto agora, depois de três meses de silêncio, brinda os mindelenses com uma declaração de estado de contingencia, numa atitude no mínimo contraproducente. 

Relativamente ao montante de 50 mil contos, diz que corresponde a apenas 0,2% do orçamento da CMSV para o ano de 2022, pelo oque espera não haver aqui outras intenções politicas escondidas, até porque a declaração foi aprovada no dia 4 de novembro e só agora foi publicada. “A elaboração de um sistema de correção torrencial nas encostas da Ilha de S. Vicente, viradas para a cidade, devidamente dimensionada será a solução que gostaríamos de ver o governo a assumir com esta declaração”, pontuou, lamentando que isso, infelizmente, não irá acontecer

“Iremos continuar a ver a praia da lajinha e outras a serem completamente desestabilizadas quando as chuvas caírem em S. Vicente”, acrescentou, lembrando que em São Vicente estão a ser construídos alguns hotéis, o que pode não rimar com o mar poluído por altura da queda da chuva e nem com o sistema de rede de esgoto mal dimensionado na avenida marginal, só para citar este, concluiu. 

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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