A UCID posiciona-se contra o aumento do custo de energia eléctrica, em vigor desde 01 de janeiro, e critica a diferença de preços praticado entre as ilhas, principalmente na Boa Vista, cujos valores são mais elevados. Segundo António Monteiro, os novos preços que estão sendo praticados colocam o arquipélago entre os países com a electricidade mais cara do mundo, ultrapassado apenas pelo Liechtenstein, Irlanda e Áustria. São países que, afirma este político, têm um Produto Interno Bruto (PIB) superior a 30 mil euros per capita.
De acordo com António Monteiro, que falava em conferência de imprensa esta sexta-feira em São Vicente, o aumento de 2,12 centavos no preço da electricidade para todos os escalões tem um impacto altamente negativo no bolso dos contribuintes e retira competitividade às empresas e ao país. “Este aumento vem fazer com que a curva descendente da inflação inflita, isto é, ao invés de continuar a baixar, com estes novos preços este a tendência é de um aumento considerável”, afirma.
O mais grave, diz, é que não há razões para este aumento, tendo em conta que o país tem condições que, devidamente utilizadas, poderiam fazer os preços recuar para valores médios praticados a nível mundial, a volta de 15 escudos kilowatts. Mas, infelizmente, o Governo não tem investido nas energias renováveis, – eólica e solar. Com isso, ultrapassaria os 16% de energias renováveis na rede da Electra e atingir valores de custos kilowatts por hora muito mais aceitáveis, pontua.
Outro aspecto abordado por este dirigente democrata-cristão tem a ver com o custo diferenciado da energia entre as ilhas em geral e Boa Vist em particulara. “A UCID não entende como é possível que, no mesmo país, haja uma diferenciação de preço kw/h, enquanto que outros serviços em outras atividades em que o Estado tem a responsabilidade de garantir isto não acontece. Lançamos, por isso, um apelo ao Governo para, dentro das suas competências, dinamizar para que os custos da energia elétrica na Boa Vista sejam os mesmos que nas restantes ilhas”, assegura.
António Monteiro aproveitou ainda para pedir ao Governo para analisar de forma cuidada a questão da fusão da Electra, que neste momento três empresa: Electra Norte, Electra Sul e Electra SA, para voltar a ter uma nova cisão depois. “Pensamos que este não é o melhor caminho porque, com estas atuações, o Governo estará a aumentar os custos de funcionamento. Isto porque haverá várias responsabilidades dentro deste sistema, tornando-o menos eficiente”.
Desafiou, por outro lado, o Governo a, rapidamente, executar os leilões que permitam que haja mais energias renováveis no país e que estas sejam injectadas na rede para que o consumidor final, sejam as famílias ou as empresas, possam ter acesso a energia a custos mais aceitáveis. “A UCID não concorda com este aumento e alerta o Governo para trabalhar no sentido de aumentar a injeção de energia elétrica na rede e, portanto, ter capacidade de baixar os custos da energia”, reforça, citando o caso de Portugal onde, afirma, foram realizadas duas leilões e o KW/H de energia ronda os dois escudos.
Questionados que medidas a UCID defende para que haja esta mudança, Monteiro alega que a empresa de distribuição precisa utilizar os combustíveis mais baratos. Cita o caso de Porto Novo e Fogo que, diz, deveriam utilizar o Fuel 180, o que não acontece devido a falta de condições logísticas. Outra medida seria o aumento da injecção de energias renováveis solar e eólica na rede. Mas, para que isso, precisamos fazer investimentos nesta área.
Sobre este particular, lembrou este dirigente politico que, desde 2010/2011, o Governo não tem nenhuma infraestrutura para injetar esta na rede. “Temos de aproveitar todas as oportunidades que o pais possa dispor, incluindo o novo Millenium Challenge Account. Infelizmente há 13 anos não temos um único investimento de relevo na questão da melhoria das energias renováveis em Cabo Verde. É inadmissível e temos os custos das energias mais caras do mundo.”
Em jeito de remate, Monteiro pede um combate as perdas de energia, que em 2022 atingiram os 24,5%, um quarto da totalidade da energia produzida pela Electra. Lembra, no entanto, que nem todas as ilhas têm as mesmas perdas, caso por exemplo de São Vicente Sal com 7% e da ilha de Santiago com 34%.