Sonia Lima disputa eleições regionais em Itália: “Ninguém pode falar por nós”
Jovens da segunda geração de cabo-verdianos são candidatos nas eleições em Lazio, uma das maiores regiões da Itália, marcadas para os dias 12 e 13 de Fevereiro. O Mindelinsite traz, em duas curtas entrevista, o percurso destes cabo-verdianos da segunda geração em Itália. Começa com Sonia Lima Morais, neta da ilha da Boa Vista, filha de Maria Luisa Morais, nascidas na cidade de Roma, que justifica a sua candidatura dizendo “ninguém pode falar por nós”.
Por Maria de Lourdes Jesus
– Sonia Morais, fala-nos do seu percurso político?
– Comecei a fazer política muito cedo, por volta dos 16 anos. Na época distribuía panfletos em frente à minha escola. Mas foi em 2008 com a Onda Anomala (movimento que nasceu durante o governo Berlusconi) para protestar contra a política do governo Berlusconi, sobretudo em relação à escola e à Universidade, que comecei efectivamente o meu engajamento político. Nesse ano pude finalmente votar pela primeira vez e inscrevi-me no Partido dos Comunista Italiano, (PDCI), participando nas reuniões na seção universitária. Esta foi a minha primeira experiência.
– Como surgiu esta candidatura e quais são as propostas para a Região Lazio?
– Fui nomeada pelo Partido Democrático graças à Maria José Évora (Mizé), que comunicou o meu nome ao Presidente do 9º município Gianluca Lanzi. Todas as minhas propostas convergem para as políticas sociais, com as quais me ocupo e sinto em harmonia comigo mesmo e com a minha formação universitária. Previlegio, em primeiro lugar, a saúde pública e universal. Ao mesmo tempo é necessário a criação de concursos públicos para médicos e paramédicos estrangeiros ou de segunda geração, mesmo sem cidadania italiana.
– Como pensa concretizar estas propostas?
Através do sistema que quebra definitiva das barreiras entre as pessoas. Por exemplo, na escola, seria necessário investir seriamente em programas de prevenção do bullying, cyberbullying, violência de género e racial, mas também na formação de professores. Políticas de género que visem não só a igualdade de acesso ao mundo do trabalho, mas também medidas de combate à violência de género dirigidas não somente à proteção e autodeterminação das mulheres, mas sobretudo a quem perpetra essa violência: os homens
– São poucos os cabo-verdianos que votam. Quer aqui lançar um apelo?
É a primeira vez que uma cabo-verdiana de segunda geração é candidata às eleições regionais, e esta é uma grande oportunidade para todos, tanto para a nossa comunidade como para a sociedade civil italiana. Uma boa parte dos italianos pensam que os estrangeiros e os seus filhos só podem (ou querem) dedicar-se ao trabalho, sem se interessarem pela situação política e económica deste país. A verdade é que quem decide viver em Itália participa todos os dias no crescimento cultural, económico e político deste país. As segundas gerações são a demonstração de tudo isso, e os lugares da política nos pertencem, porque ninguém pode falar por nós. É sobretudo por isso que me candidatei e é por essa razão que peço o voto da nossa comunidade residente na região de Lazio.
Força Sonia!