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Siacsa acusa Frescomar de despedir 202 trabalhadores e de colocar 162 em “stand by”, e diz que Atunlo está prestes a suspender actividades em SV

O Siacsa acusou a Frescomar entregar cartas de despedimento à 202 trabalhadores e de colocar 162 em ‘stand by”. De acordo com Heidi Ganeto, a empresa justifica esta ‘sangria’ com a falta de matéria-prima, o que leva este dirigente sindical a lançar um apelo ao Governo no sentido de criar condições para o funcionamento da indústria pesqueira nacional. Este diz ainda que a Atunlo está na eminência de suspender a sua atividade no Mindelo, face a falência da empresa-mãe na Europa. Independentemente dos motivos de um e de outro, este sindicato já marcou uma manifestação destes trabalhadores para o dia 19, com concentração na Praça D. Luís. 

Estas informações foram avançadas hoje em conferência de imprensa pelo coordenador do Sindicato da Industria, Serviços Gerais, Alimentação, Construção Civil, Agricultura, Sector de Empresa de Segurança Privada, Serviços Marítimos e Portuários. Heidi Ganeto alega que, o principal objectivo, é chamar a atenção do Governo para a criação de meios e mecanismo para que os armadores nacionais possam responder a demanda e garantir o bom funcionamento da indústria pesqueira, no caso da Frescomar. 

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Isto porque, diz, a Atunlo, que vinha garantindo uma parte importante da matéria-prima à Frescomar, corre sérios riscos de encerrar as suas atividades em São Vicente face a falência e encerramento da empresa-mãe na Europa. “A Frescomar alega que, devido a acordo não cumpridos, para o tratamento e o fornecimento de pescado por parte da Atunlo, tornou-se impossível manter o contrato com um total de 202 trabalhadores. Tem ainda em casa cerca de 162 colaboradores que aguardam dias melhores para voltarem ao trabalhar. Continuam a receber os seus salários, mas não há garantias de regresso.”

Em termos concretos, este sindicalista explica que 146 trabalhadores não tiveram os contratos renovados e 56 optaram por despedimentos “amigáveis”, totalizando 202 pessoas empurradas para o desemprego. “Alguns destes colaboradores já tinham renovados os seus contratos e outros o prazo terminou no final do de 2023 ano e não foram renovados. Todos receberam os salários a que tinham direito e as respectivas compensações. Relativamente à Atunlo, os trabalhadores estavam de férias e regressaram no dia 15 de janeiro. Mas, têm matéria-prima para trabalhar apenas por mais três semanas, depois não sabemos se vão continuar. Foi a própria direcção da empresa que reuniu com os trabalhadores e informou-lhes da possibilidade de virem a declarar falência”,  pontua. 

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Na base dos despedimentos na Frescomar está a falta de matéria-prima, segundo o coordenador local do Siacsa. “Desde maio do ano passado, vínhamos ouvindo rumores de que esta empresa pretendia despedir 400 trabalhadores. Trata-se de um grupo que opera em um sector que recebia matéria-prima fornecida pela empresa Atunlo. Sem este pescado, a Frescomar diz que não consegue manter estes postos de trabalho, pelo menos por enquanto”, detalha Heidi Ganeto, acrescentando que a previsão é de que a situação possa vir a normalizar-se a partir do próximo mês de maio. 

Instado se esta situação foi provocada pela demora na derrogação do acordo de pesca com a União Europeia, o coordenador local do Siacsa afirmou que a Frescomar não abordou este assunto. No entanto, diz, percebe-se que há algo que nem o Governo e nem as empresas querem esclarecer porque, pelo menos no caso da Frescomar, os colaboradores não estavam à espera de iniciar 2024 com uma dispensa. “Os trabalhadores foram de férias  em finais de dezembro e deveriam regressar no dia 8 de janeiro. Mas foram chamados no dia 2 para receber a carta de despedimento. Foi isso que levou o Siacsa a chamar a empresa na Direção-Geral do Trabalho. Não houve nenhuma justificação.”

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São estes factos que levaram o Siacsa a agendar uma manifestação para o dia 19 de janeiro, para chamar a atenção do Governo para os problemas da indústria pesqueira em São Vicente. De referir que a Atunlo emprega mais de uma centena de trabalhadores, enquanto que a Frescomar 1500, número entretanto que tem vindo abaixa e que neste momento, anda a volta dos 1.200. “A empresa tem vindo a dispensar os colaboradores do sector de lombos, que emprega cerca de 500 trabalhadores. De momento, o sector está encerrado e alguns colaboradores foram remanejados para conserva”, declara. 

Em jeito de remate, o sindicalista lembra que São Vicente é uma ilha que depende das fábricas e tem uma taxa de desemprego elevada, que pode vir a crescer com mais 500 trabalhadores despedidos. 

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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