SG da UNTC-CS acusa União dos Sindicatos de SV de “teatro provocado” e desobediência
A Secretária-Geral da UNTC-CS acusou a União dos Sindicatos de São Vicente de “teatro provocado” durante a execução da deliberação do Tribunal da Comarca, que determinou que as chaves do edifício-sede fossem entregues hoje a esta Central Sindical. Joaquina Almeida responsabilizou ainda o presidente-interino, Tomás de Aquino, por instar os trabalhadores e dirigentes sindicatos para uma desobediência à decisão do Tribunal que, afirma, é uma instituição soberana.
De acordo com a SG da UNTC-CS, as pessoas recorrem aos tribunais quando têm assuntos por resolver e não conseguem encontrar consensos. Nestes casos, prossegue, prevalece a decisão da justiça. “Compete as pessoas cumprirem porque a decisão do tribunal vincula todas as instituições públicas e privadas. Foi claramente um acto de desobediência e de obstrução o que se verificou hoje. Os oficiais de justiça tiveram de accionar a polícia porque as pessoas estavam a fazer uma balburdia. Esqueceram que a obstrução à justiça é um acto de desobediência e tem consequência”, afirma.
Joaquina Almeida aproveitou, por isso, para elogiar a postura dos oficiais da justiça e dos agentes da polícia, que optaram por não levar o acto de desobediência às ultimas consequências. “Entendemos que deve haver diálogo, inclusive marcamos um encontro porque pensamos que os sindicatos iam acatar a decisão do tribunal. Desde que a nova gestão entrou temos estado a pautar pelo diálogo, o consenso e a concórdia. O encontro não se realizou porque a outra parte estava intransigente”, detalha, realçando que a reunião era para ser na sala multiuso da UNTC-CS, mas os sindicatos optaram por escolher uma das salas da UniMindelo. E não compareceram.
Segundo a dirigente, ela própria decidiu não participar na reunião por causa da indisciplina, do desacato e da desobediência. “Nunca foi intenção da UNTC-CS fazer o despejo. Aliás, nunca pronunciamos estas palavra. Queremos sim conversar, ver uma nova modalidade e normalizar a relação entre a USV e a Central Sindical. Recusaram reconhecer a UNTC-CS como dono do património e nós procuramos o direito que nos assiste. E hoje vivemos uma situação muito triste. Mas continuamos abertos para o diálogo e o entendimento ”, assegura Joaquina, para quem a União pode solicitar um encontro porque pertencem à UNTC-CS, são filhos da Central Sindical e têm de estar na casa dos trabalhadores.
Relativamente a afirmação do presidente-interino da USV de que o diálogo entre as partes deveria acontecer em sede do Conselho Nacional, a SG diz que é extemporâneo falar neste momento no CN porquanto houve um congresso e foram eleitos novos órgãos. “O passado pertence ao passado. Agora vamos focar no presente e perspectivar o futuro. Estamos aberto para sentar à mesa e negociar. Podemos inclusive ceder qualquer parte. Estamos disponíveis para encontrar o diálogo porque são partes da UNTC-CS. Ninguém os despejou”, reforça.
Joaquina Almeida nega que haja qualquer recurso a correr no Tribunal da Relação de Barlavento, que a sua gestão esteja a perseguir os dirigentes ou a União dos Sindicatos de São Vicente e ainda que os sindicatos estejam com as suas quotas em dia. Quanto à propriedade do edifício, esta limita-se a dizer que estes sindicatos desconhecem os estatutos e, por isso, não cumprem. “Este edifício pertencia ao Estado, que o doou à UNTC-CS. Houve duas doações: dois prédios na Praia para a outra central , um na Praia e outro no Mindelo a UNTC-CS”, clarifica.
A SG garante que sempre soube que o edifício pertencia à Central porque entende da lei e se preocupou sempre em cumprir o que está regulamentado. Por isso diz ter ficado estupefacto ao ver uma nota a instar os trabalhadores a resistirem à decisão da justiça. “A lei é dura, mas é a lei. Temos de cumprir.” Admitiu, entretanto, que este conflito, que se arrasta desde 2016, tem estado a enfraquecer a Central Sindical, tudo porque um grupo não aceitou a eleição da SG, apenas por ser mulher.