Promotores preparam-se para apresentar plataforma online e petição à AN relativa à celebração do centenário de A. Cabral
A plataforma pública da plataforma www.100amilcar.com e o andamento da petição apresentada à Assembleia Nacional relativa à celebração do Centenário de Amílcar Cabral vão ser apresentados no próximo dia 30 de março, sábado. O evento será online às 16 horas de Portugal, Grã-Bretanha e Guiné Bissau, às 12h em Boston, 15h de Cabo Verde e às 17h em Itália, França, Luxemburgo, Alemanha, Holanda, Espanha e Angola. A apresentação terá a duração de 1h.
A petição foi lançada a 9 de novembro de 2023 e já conta com 4618 assinaturas, de acordo com os promotores deste evento. Estes justificam dizendo que Amílcar Cabral foi reconhecidamente o primeiro cabo-verdiano que montou um projecto político concreto com vista à independência do arquipélago, sonhada por poetas de gerações anteriores, sonho esse sempre julgado inalcançável.
Segundo o documento, o objectivo principal do seu projecto político de Cabral foi atingido. “Homem de fortes convicções, desde o arranque da sua vida política plena, as suas ideias e projectos para o pós-independência foram alvo de críticas, inclusive por parte de alguns militantes do partido que fundou”, lê-se na petição, sublinhando que a leitura atenta de diversas fontes da época e de testemunhos que têm sido dados à estampa é reveladora dessas polémicas, e também da atitude do próprio Cabral, que se disponibilizava para debater todos os pontos de discórdia das suas propostas e leituras políticas, tanto com militantes do PAICV como com nacionalistas que dirigiram outros partidos independentistas.
Quase 50 anos volvidos após a proclamação da independência do arquipélago, constituindo a nação em estado que passou a integrar o concerto das nações, a equipa da plataforma, promotora e subscritores do abaixo-assinado, alegam que a esmagadora maioria dos cabo-verdianos nascidos no país ou na diáspora, de origem cabo-verdiana mais remota ou mais recente, reconhecem na figura de Amílcar Cabral o principal actor do movimento independentista e o estratega do projecto da independência.
Evocam, por outro lado, o reconhecimento da figura de Amílcar Cabral e defendem o respeito democrático pela vontade da maioria e atendendo ao facto de que uma parte significativa dos cidadãos nacionais, residentes ou no estrangeiro, não estão filiados nem militam em quaisquer partidos políticos. “Não nos revimos na decisão tomada pela plenária da Assembleia Nacional, reunida a 30 de Outubro de 2023, para discussão de uma proposta de resolução respeitante às comemorações do centenário do nascimento de Amílcar Cabral durante o ano de 2024, em território cabo-verdiano; tão-pouco nos revimos na forma como a questão foi debatida, a qual rejeitamos e repudiamos”, dizem.
Recordam que o Parlamento não é uma assembleia de partidos políticos, mas sim de cidadãos que representam a Nação, organizados em partidos políticos. Neste sentido, lembram que os cidadãos que assumem um mandato como deputados nesta legislatura que os seus honorários, subsídios e despesas de funcionamento do local onde laboram são inteiramente financiados com fundos públicos, pagos, portanto, sobretudo, pelos contribuintes cabo-verdianos, através de impostos directos e indirectos.
Pedem por isso à AN para deliberar sobre a nomeação de uma Comissão Nacional para as comemorações do centenário do nascimento de Amílcar Cabral, composta por personalidades da sociedade civil, residentes no país e na diáspora e que esteja encarregue de conduzir um programa comemorativo no país e junto às comunidades na diáspora. Defendem ainda que esta comissão deve ser dotada de uma verba para apoio aos projectos que estão já a ser preparados pela sociedade civil em Cabo Verde e em países onde residem comunidades cabo-verdianas.
“Disponibilizar a título gratuito todos os equipamentos culturais, desportivos, e de outros espaços de reunião e de convívio geridos pelo estado de Cabo Verde (governo e autarquias), incluindo o trabalho do “staff” e a utilização dos materiais adquiridos, a estas organizações da sociedade civil para que possam levar a cabo os seus programas de comemoração do centenário do nascimento de Amílcar Cabral. A gestão das modalidades de cedência destes espaços e a sua monitorização estará também a cargo da Comissão Comemorativa”, refere ainda a petição.
Solicitam igualmente a cobertura mediática destas atividades e a organização de uma cerimonia nacional, com toda a pompa e circunstancia, para celebrar o centenário do nascimento de Cabral, em setembro, assumida pelos mais altos órgãos de responsabilidade do Estado. Estas, defendem, devem ser dotadas atempada de fundos públicos suficientes para levar a cabo as suas missões.