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Professores denunciam clima laboral: Intimidação, perseguição e assédio moral

Os professores de S. Vicente estiveram reunidos ontem em assembleia para reflectir sobre o clima laboral na ilha que, dizem, precisa ser revisto com urgência. Alegam que o ano lectivo findo foi de muito estresse, intimidação, perseguição e até mesmo de assedio moral e que o novo ano que agora se inicia agora não se figura diferente, tendo em conta que mantém-se a atitude de visar as pessoas e não o sistema em termos de melhoria da qualidade do processo de ensino aprendizagem. Para Nelson Cardoso, secretário executivo regional do Sindep, falta uma gestão humanizada.

Segundo Cardoso, os professores estão descontentes porque se vêm como o elo mais fraco de todo o sistema. “Os professores estão descontentes, ainda mais quando escutam a ministra afirmar que não há pendentes. Isso quando temos muitas pendências desde 2010. Ou é esquecimento ou estão a ignorar precisamente a situação real dos docentes”, pontou este sindicalista, para quem o Dia Mundial do Professor e o Dia Nacional dos Professores são dois momentos para se fazer reflexões, sobretudo sobre o clima laboral na ilha.

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Este é um aspecto que , diz, precisa ser revisto, até porque terminou-se um ano lectivo com problemas, que se repetiram agora no início deste outro. “Terminamos um ano lectivo com muito estresse, situações de intimidação, perseguição e até de assedio moral. Se formos mais longe. E este ano tivemos situações novamente no arranque do ano lectivo que configuram perseguição. Isto porque são situações que visam pessoas e não o próprio sistema em termos de melhoria da qualidade do processo de ensino aprendizagem.”

Assembleia professores – arquivo

Cita, como exemplo, as ordens de serviço e indicações com base em intimidação e pressão, como se os professores desconhecem o seu trabalho. Um problema que se poderia facilmente com uma gestão humanizada, sem pressão e sem intimidação. “Há muita coisa que precisa mudar, mas não o Estatuto do Pessoal Docente, que entrou em vigor em Dezembro de 2015 porque ainda não se teve tempo de o analisar e melhorar aquilo que precisa melhorar”, desabafa Cardoso, lembrando que o ME sequer cumpre aquilo que já está estabelecido e que são os direitos dos professores, designadamente a nível da evolução da carreira.

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.E isso não obstante o documento obrigar o Governo a prever verbas para garantir a evolução da carreira docente. É entendimento deste sindicalista que neste momento que qualquer alteração ao Estatuto pode significar perdas de direitos adquiridos. “Temos, por exemplo, a questão da ameaça que tivemos em 2015 e que tem que ver com a idade de reforma dos professores. Por isso é que digo que este não é o momento para se alterar o Estatuto, mas sim para exigir o cumprimento dos acordos e implementar aquilo que está pré-estabelecido. Estamos a falar de um decreto-lei, que é um instrumento legal que deve ser respeitado.”

Para além de todas estas preocupações, os professores de São Vicente discutiram ainda a suspensão dos subsídios por parte do ME, principalmente para os professores que foram aposentados, uma decisão que consideram ser uma “grande injustiça” e de falta de humanidade. Isto porque, dizem, se houve falhas, foram a nível da administração pelo que o ME não pode culpabilizar os professores.  Congratularam, no entanto, com a manutenção da idade da reforma: 32 anos de serviço ou 55 de idade.

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Constânça de Pina

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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7 Comentários

  1. Bem feito para muitos dos professores, são ingratos, agora devem estar todos a dizer: com o governo anterior estávamos bem nem de-mos conta. Relativamente s esta senhora ministra e seus discípulos, irão no momento exato ter o que merecem.

  2. Tanto o anterior governo que muito abuso já estava a fazer, como este que não sabe o que fazer, são todos mesma miséria. Quem não respeita aos professores e pede-lhes para serem espelho da sociedade, é de uma demagogia sem precedentes. Mas por outro lado, são os professores é que têm que se fazer respeitar. Só sabem reclamar nos cantos como é apanágio em São Vicente. Tem-se visto uma tendência tímida do governo em fortalecer a classe empresarial em detrimento dos demais e, urge a questão: como viverão os empresários se o povo é mísero? O país está em decadência visível. Se não são as minorias de sempre, alguém do povo que me diga que a sua vida melhorou com as políticas desorientadas desse governo e como. Bem haja.

  3. Um grande erro que se comete é deixar a educação seguir a reboque das mudanças políticas… Ter a frente das instituições educativas ferrenhos que conotam as reivindicações dos professores com partido da oposição au invés de escutar, se solidarizar e propor melhorias. Um exemplo bem concreta disso são os manuais… Mudança num ano através de versões experimentais e nunca mais se saiu dali… Quase quatro anos sem um produto acabado. Não sejamos tão obstinados e vejamos as coisas como elas são.

  4. Infelizmente assim é, ainda existem muitos por aqui a dar “conselhos de amigo porque que o pessoal do ME é vingativo”…

  5. Gostariamos de saber porque é que os bebeficiados dos professores reformam com 32 anos de serviço ou 55 anos de idade e os maritimos 65 ? Os professores estão com suas familias. Os marinheiros estão longe delas. Uma resposta

  6. Os professores têm um grande poder, infelizmente não sabem tirar proveito do mesmo e submetendo aos desmandos do ME. Os polícias deram o exemplo, dão o vosso e serão respeitados! Falam mas não fazem nada de jeito!

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