PM lança 1º bloco e descerra placa da construção do Terminal de Cruzeiros do Mindelo
O Primeiro-ministro lançou hoje o primeiro bloco ao mar e descerrou a placa que marca o início das obras do Terminal de Cruzeiros do Mindelo, projecto visto como necessário para dinamizar a economia da ilha de S. Vicente e do país, mas que também está em linha com a estratégia do Governo de consolidar o turismo como um dos pilares da sustentabilidade de Cabo Verde. Ulisses Correia e Silva justificou esta obra dizendo que é preciso fazer investimentos assertivos que possam impulsionar o crescimento e reduzir a pobreza.
Na sua intervenção, o PM afirmou que o Governo está a cumprir com esta obra um compromisso importante e a realizar uma das principais vocações de S. Vicente, realçando que esta é uma ilha com uma tradição e uma predisposição secular no domínio do mar e dos transportes marítimos, em ligação com a sua economia. “Estamos a realizar um percurso que faz reativar ambições e vocações, mas estamos aqui com o espírito de elevar SV. Ao longo da sua história, a ilha teve momentos de ascendência e de decadência. Estes momentos estavam muito ligados ao mar. Agora estamos em uma fase em que temos de subir, fazer SV acreditar e fazer SV ser um elemento importante do processo de desenvolvimento do país e fazer investimentos que sejam assertivos”, frisou, lembrando que este é um investimento de mais de 2,6 milhões de contos que, pelo seu impacto, vai posicionar S. Vicente como um destino de referência no país, nesta região africana e no atlântico médio.
Para Correia e Silva, é importante potenciar um investimento deste tipo em SV, que precisa de facto de ser escala em termos de dimensão, qualidade e rendimento em número de turistas que possam visitar, entreter-se e gastar. Visitantes que possam ter acesso a serviços e produtos diversos, desde agroalimentares, pescas, artes criativas. E para ele é fundamental aproveitar a embalagem e transformar o Carnaval numa verdadeira indústria na cidade do Mindelo. “Este terminal vai permitir, dentro da ideia e do conceito da Zona Económica Especial Marítima, a complementaridade das economias do norte. Estamos a falar de São Vicente, Santo Antão, São Nicolau e Santa Luzia, esta última enquanto reserva natural. Queremos integrar este circuito no quadro da economia marítima”, assegurou.
Enquanto componente da ZEEM-SV, o Chefe do Governo afirma que o Porto Grande está vocacionado para ser uma zona especializada do transporte de passageiros de turismo de cruzeiro, iates e de acomodação de eventos internacionais, nomeadamente os ligados ao desporto náutico. Sobre este particular, lembrou que está previsto para 2023 a vinda para Mindelo da maior regata do mundo, a Ocean Race, que deveria ter acontecido no ano passado, mas que teve de ser adiado por causa da Covid-19.
Trata-se de um evento que, acredita Ulisses Correia e Silva, vai trazer notoriedade e colocar S. Vicente no mapa dos desportos náuticos internacionais. Vai trazer igualmente um conjunto de investimentos integrados na ZEEM-SV, com destaque para uma zona infra-estruturada para receber eventos ligados ao mar, nomeadamente pontões para atracação de iates, clube náutico e ainda a requalificação de toda a zona da Matiota, desde o trampolim até a praia da Lajinha. “Todos estes investimentos previstos no quadro da Ocean Race ficarão depois como infra-estruturas para a cidade. Estamos a apostar forte na dinamização da economia de S. Vicente porque, é através dela, que criamos condições de oferta de emprego durável e de qualidade.”
Na qualidade de anfitrião, o presidente da Câmara Municipal considerou que o arranque desta obra é sinal de que os investimentos devem ser aplicados nos locais certos para um desenvolvimento acertado do país. Augusto Neves garantiu ainda que hoje tem a noção de que o mar é fundamental no desenvolvimento de São Vicente e de Cabo Verde, desde a criação de novas empresas, atração de investimentos, geração de melhores empregos e promoção de qualidade de vida das populações.
“O turismo e as actividades marítimas têm entre nós uma relevância histórica que, em alguns sectores, apresentam um elevado potencial de desenvolvimento, devido as características naturais das ilhas e das infraestruturas existentes”, indicou, afirmando que, no caso de S. Vicente, a ilha tem potencialidades naturais e qualidades humanas para triunfar. “Tenho toda a certeza de que nós podemos preparar a ilha para este grande desafio”.
Da parte da Enapor, na ausência do PCA por motivos de doença, coube ao administrador-executivo falar do projecto em si e da sua importância, uma obra que simboliza a fronteira entre o antes e o depois no desenvolvimento da ilha, da região e de Cabo Verde. O engenheiro Irineu Camacho lembrou que o terminal integra o Plano Estratégico da Enapor no horizonte 2030 e é um dos maiores projectos promovidos pela empresa. “O molhe cais com 400m de comprimento permitirá acolher em Mindelo os maiores navios de cruzeiro da actual frota mundial”, anunciou, lembrando que o Terminal de Cruzeiros constitui o segmento da indústria turística e que vinha registando as maiores taxas de crescimento na ultima década.
Já a embaixadora da Holanda em Cabo Verde, Joan J.J. Wiegman, fez a sua intervenção por video-conferência. A obra, recorda-se, é co-financiada pelo Fundo Orio, Países Baixos, e pelo Fundo OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para o Desenvolvimento Internacional. Esta prevê a construção de um molhe de atracação de 400 metros de comprimento, com uma profundidade de 11 metros a norte, e nove metros a sul, e uma gare de passageiros com 900 metros quadrados de área e respectivo ordenamento exterior, com a inclusão de um parque de estacionamento.