Orlando Dias intensifica ofensiva à liderança do MpD
O deputado Orlando Dias intensificou a sua ofensiva nas redes sociais, tendo na mira a liderança do Movimento para Democracia e posicionando claramente como uma alternativa em 2023. Após ter anunciado em Novembro do ano passado a sua intenção de concorrer à presidência do partido, neste mês de abril começou a fazer publicações diárias sobre as suas motivações e razões desta candidatura com slogans“Resgatar o MpD” e “Devolver o partido aos militantes.”
Numa das publicações na sua conta oficial, Dias afirma que o objectivo central da sua candidatura à presidência do MpD é o de criar corrente dentro do partido e unir as bases em torno de objectivos comuns, correspondendo às inquietações da militância. “O MpD tem de se reconciliar com a sua história, os seus objectivos pragmáticos e a sua espinha dorsal popular e basista. Há que reerguer o ‘ velho MpD’ democrático, pluralista e amante da liberdade, por um amplo debate interno e contra todas as tentativas de imposição do pensamento único”, diz este militante deste a primeira hora.
O deputado ventoinha evoca o seu orgulho em ser cabo-verdiano e pelo país, mas deixa claro que o seu partido é o MpD. “Não escondo por detrás de nenhuma frase populista porque, em politica, as nossas intenções devem ser transparentes”, aproveitando para fazer um alerta: “o MpD não pode ser instrumento de projectos pessoais e grupais ou plataforma de negócios. O nosso Partido tem de ser ferramenta de dinamização da vontade geral e meio para a construção de um projeto de sociedade, tendo as pessoas como centro da sua intervenção política”, assegura.
Estes são os motivos que o levam a disponibilizar-se para liderar o partido, sem fechar a porta a outras soluções que, num quadro de alternativa à liderança actual que considera ser a formal de não de facto, possam constituir-se mais agregadoras da militância e da base de apoio. Tudo isso, tendo como objectivo a reorganização do MpD e a sua condução como instrumento de qualificação da democracia. “Congregar significa unir o partido nas suas diferenças e colocar as bases no centro da acção política, mas também estimular o debate de ideias, ultrapassar o período de crispação que o MpD vive nos últimos anos e sarar as feridas. Quero trazer de volta o MpD!”, lê-se numa publicação de 25 de abril.
Dois dias antes, 23 de abril, dizia que, desde 2013, verifica-se uma clara investida para descaracterizar o MpD, que se traduz na despolitização do partido, citando como exemplo a substituição da figura do secretario-geral para a de administrador geral. Paralelamente, continua, procedeu-se a uma revisão estatutária que apenas serviu para desorganizar toda a estrutura partidária, acabando com as comissões políticas regionais e manipulando as eleições para as comissões políticas concelhias, que se manifestou no quase generalizado desaparecimento dos núcleos locais, na debandada da militância e na inexistência de um combate político permanente.
Por conta disso, defende uma uma profunda revisão estatutária que, enfatiza, traga mais democracia ao partido, que privilegie o debate de ideias e retome a estrutura organizacional anterior, orientando toda a intervenção política por objetivos, mas criando também uma corrente de transmissão entre as expectativas e anseios populares com a Direção do Partido.
Foi a 29 de novembro de 2021 que, em entrevista ao A Nação, Orlando diz admitiu a possibilidade de concorrer à liderança do MpD, defendendo para isso a realização de uma convenção extraordinária em 2022. Na altura, deixa entender que poderia contar com apoio de uma “sensibilidade” interna. O que era uma hipótese transformou-se agora em certeza, com a intensificação da campanha nas redes sociais.