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Novo ano político: PAICV-SV diz que Educação “vai bem” nas estatísticas, mas “pessimamente mal” na qualidade

Os deputados do PAICV por São Vicente escolheram “revisitar” o sector da Educação na ilha e auscultar as preocupações da população no arranque no Novo Ano Político, que vai ter na sessão de Outubro um debate com o ministro Amadeu Cruz, a pedido do grupo parlamentar tambarina. Segundo João do Carmo, estatisticamente, a Educação no país vai “muito bem”, ou seja, está ao nível dos países do Primeiro Mundo. Já quanto aos conteúdos e à qualidade, diz, está “pessimamente mal”.  

Este eleito nacional citou a título de exemplo o caso de um aluno com falta de aproveitamento em quatro disciplinas, incluindo matemática e português, que pode passar de ano. Afirmou que em outros tempos só eram permitidas duas reprovações, sendo que estas não poderiam ser em nenhuma das disciplinas nucleares. “Para um aluno reprovar por faltas, só com quase 200. Há professores sem subsídio de deslocação, outros com três níveis de ensino e outros a trabalhar sob pressão. Ainda outros a reclamar subsídio de não redução da carga horária”, elencou o deputado, para quem é urgente a criação de uma lei-medida em solidariedade e para dignificar os docentes de postos escolares de há muitos anos, hoje a maioria na reforma e com um salário baixíssimo. 

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Mas não foi apenas o sector da Educação que mereceu a atenção dos eleitos tambarina. João Do Carmo voltou a insistir naquilo que apelida de propaganda enganosa do Governo sobre o despacho de encomenda dos emigrantes. “Tem sido um verdadeiro caos fazer o despacho  de qualquer cartão ou bidon. Não há armazém na Enapor, porque estes estão sendo preparados para a feira. E com esta mudança introduzida pelo Governo, poderá haver um aumento substancial de tarifa.” 

Portelinha e outras preocupações

A nível da habitação, voltou a pedir o Governo para fazer a entrega das casas da Portelinha, dizendo que a maioria ainda se encontra fechada. “Não se compreende, numa ilha onde muitas pessoas vivem em péssimas condições, o Governo insiste em deixar estas casas fechadas. Estivemos há dias no bairro e existe uma enorme expectativa. Os moradores estão preocupados com algumas casas que já foram destinadas para um outro nível de pessoas, que sequer são da zona e possuem condições para pagar”, relata, lembrando que as casas foram feitas para as pessoas do bairro e que residiam em casas de lata, mas tudo indica que esta seleção anterior já não se enquadra. “Há uma grande atrapalhação do Governo e da própria Câmara de São Vicente com relação ao destino destas casas”, pontua. 

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Quanto ao Centro Comum de Vistos, João do Carmo relata que as reclamações só aumentam, sobretudo pela forma como os cabo-verdianos são ali tratados, sem nenhuma dignidade, sem nenhum respeito. Numa altura em que a demanda disparou por causa da oferta de emprego em Portugal, João do Carmo diz ver esta situação como um retrato do país actual, com uma péssima governação. “Estamos a regredir em quase todos os sectores. O país está muito mal. Há muito desemprego, falta conectividade entre as ilhas, e isso tem implicações. As pessoas obviamente sentem necessidade de sustentar as suas famílias e as suas próprias vidas”, constata.

Sobre este particular, não obstante a crítica feita pela deputada Isa Costa, que afirmou que o PAICV é contra a “mobilidade laboral”, João do Carmo defende que qualquer opção, inclusive a emigração, é válida. “Não é nada de estranho. Só que agora há uma procura desenfreada dos jovens por falta de alternativa local. Há muita gente bem formada que infelizmente não está a ter alternativa no país”, assegura este deputado, que diz temer, no entanto, a fuga de quadros, o que vai acontecer em breve, tendo em conta que faltam ainda três anos e meio de governação ao MpD.

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Para sustentar a sua afirmação, Do Carmo recorre à história recente para dizer que sempre que o MpD está no poder há dificuldades, lembrando o segundo mandato do partido ventoinha na década de 1990 em que os funcionários públicos não recebiam os seus salários em tempo útil. E, como a história se repete, diz o citado deputado, este segundo mandado do MpD começou mal, e não se vislumbra um final diferente. 

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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