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“Nos Cabo Verde di Esperança” dita ritmo da manifestação por mais e melhor justiça em São Vicente

Os mindelenses saíram esta manhã à rua para pedir por mais e melhor justiça. Marcharam ao som da emblemática música de Norberto Tavares “Es Cabo Verde di Esperança”, soltaram pombas no largo da Cadeia da Ribeirinha e houve muitos depoimentos com relatos de “injustiça”, nesta que seria a maior manifestação realizada pelo movimento cívico Sokols mas que, conforme Salvador Mascarenhas, ficou aquém das expectativas em termos de público esperado. Mesmo assim, houve um momento marcante no largo da cadeia em que as pessoas demonstraram alguma euforia e gritaram por Amadeu Oliveira, dizendo-se solidário com ele nesta luta de todos.

Passava poucos minutos das 10 horas, mas um número expressivo de pessoas já se concentrado na Praça Dom Luís, onde se ultimavam os preparativos para a manifestação. A organização distribuía camisolas, cartazes, água e álcool gel, enquanto que o público era convidado a assinar uma “Petição por mais Justiça”, promovido pelo Movimento para o Desenvolvimento de São Vicente. De forma espontânea, algumas pessoas anónimas e outras nem tanto, começaram a apresentar testemunhos nos megafones dos Sokols. Outras optaram por mensagens para atrair os “indecisos”.

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Lídio Silva leu um manifesto enviado da diáspora em apoio a manifestação em que, de entre outros, prometem denunciar as situações “o inferno da justiça em Cabo Verde junto” de diversas instituições internacionais. Cartazes com dizeres como “Temos fome de Justiça”, “Não a Ditadura da Justiça”, “Free Amadeu Oliveira”, de entre muitos outros eram içados. Estava dado o pontapé de saída para mais esta jornada de luta.

Salvador Mascarenhas emocionou ao descrever a situação de Amadeu Oliveira, que se encontra debilitado e doente, mas se mantém firme na sua luta por justiça. “É uma injustiça manter o Amadeu na cadeia em prisão preventiva, sem uma condenação. É uma falta de respeito e uma malandrice”, afirmou, aproveitando para falar também da energia eléctrica, lembrando que por altura das legislativas o Governo ofereceu taxas sociais sem compensar a Electra e agora todos vão pagar, com o aumento na ordem dos 37%. “É um roubo, é ser crápula”, criticou este activista.

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Na primeira paragem, na porta do Tribunal da Comarca de São Vicente Anilton Andrade discursou sobre a justiça atrasada e de fachada que se faz no país e defendeu que a prisão de Amadeu Oliveira foi uma tentativa de calar um revolucionário. Lembrou ainda que Oliveira é neste momento o único preso político e está encarcerado por pura vingança. E muitos foram os que foram engrossando o cortejo ao longo do percurso.

Seguiram com passagem pelas ruas de Coco e Fernando Ferreira Fortes, com paragem no Alto de Sentina e no Largo da Cadeia da Ribeirinha. Ali os discursos aumentaram de tom, com apelos para libertação de Amadeu Oliveira. Foram soltados 30 pombos, simbolizando liberdade. Depois, de forma espontânea, os manifestantes contornaram a cadeia e aproveitaram para subir num alto empunhando bandeiras e cartazes, com grito para libertarem Amadeu Oliveira. O retorno foi pela Avenida da Ribeirinha, rua de Lisboa e Praça Dom Luís, mas mutas pessoas foram ficando pelo caminho, talvez por causa do adiantar da horas mas também devido ao forte sol e calor que se fazia sentir.

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Aquém das espectativas

Em declarações à imprensa no término da manifestação, Mascarenhas admitiu que, em termos de participação, ficou aquém da expectativa. “Vou ter de repensar o meu envolvimento como activista. Fiz um esforço enorme de divulgação, mas talvez não tenha sabido passar a mensagem. Admito que ficou muito aquém do esperado, mas foi uma boa manifestação”, afirmou, realçando que conseguiram enviar uma mensagem forte ao Amadeu.

Outro ganho, no entender deste activista, é o despertar das pessoas para a questão da justiça. “É uma questão um bocadinho complicado e as vezes não é fácil tentar fazer as pessoas entender o que está em causa”, acrescentou Salvador Mascarenhas, que augurou uma manifestação também intensa na Praia. “Foi uma manifestação positiva e espero que os governantes tenham agora atenção à reforma que o Dr. Amadeu está a propor porque uma parte significativa da nossa população está preocupada com este assunto.”.

LGBTIQ na manifestação para mais e melhor justiça

Em relação às eleições presidenciais, garantiu uma postura neutra, sobretudo porque os dois candidatos melhor posicionados são oriundos de partidos centralistas. Não obstante ambos defenderem a justiça, mostra-se descrente quanto às promessas dos políticos. “São dois políticos que já prometeram muita coisa ao país e nunca cumpriram. Não estou confiante”, completa. Apesar de frustrado, Salvador Mascarenhas promete continuar na luta por mais justiça no país, através de abaixo-assinados, manifestações, debates para elevar a consciência das pessoas.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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