“Cabral Homem de Paz” foi o título e lema de um evento dedicado a Amilcar Cabral, realizado no dia 5 de Outubro em Roma. Cabral Homem de Paz nasceu de uma conversa que tive no mês de Maio na sede da Fundação Lelio e Lisli Basso com a Deputada da ANP e Presidente da Comissão Especializada da Mulher e Criança, Odete Semedo, do PAIGC.
Por: Maria de Lourdes Jesus
Dizia Odete que Amílcar Cabral sempre defendeu que “a guerra, a luta armada de libertação nacional foi a única saída que o colonialismo português nos deixou para a reconquista da nossa dignidade de povo africano, a nossa dignidade humana”.
A sua resistência em empreender a luta armada, era baseada na força do diálogo e na diplomacia. Não instigava o ódio, mas dialogo. São vários os ensinamentos que emergem dos discursos de Cabral e da sua filosofia de vida. Destas considerações nasceu a ideia de comemorar os 50 anos da sua morte com o lema: “Cabral Homem da Paz”. Uma nova visão do líder da libertação de Guiné-Bissau e Cabo Verde.
O encontro realizou-se na ampla e acolhedora sede do Instituto Romano de San Michele. A sala, em particular, foi decorada com a panaria cabo-verdiana e com a projeção das fotos de Cabral da fotógrafa italiana, Bruna Polimeni, presente em sala com o marido Mário Meo.
Na entrada da sala, uma mesa enorme exibia livros sobre Cabo Verde, incluindo Rosa Negra, poemas em português de Cabral, publicados pela Fefé editor, bem como um novo calendário dedicado ao centenário do nascimento de Cabral, com as fotos mais conhecidas da fotografa italiana Bruna Polimeni, publicado pela Fondazione Lelio e Lisli Basso e Tabankaonlus.
Ao longo do dia estiveram presentes mais de 140 pessoas, entre as quais representantes das embaixadas da Guiné-Bissau, Cabo Verde, Angola, Moçambique.e as instituições municipais e universidades, bem como a conselheira da Presidência da República de Cabo Verde, Marilena Rocha.
Após as boas-vindas de Fabio Liberati, diretor do Instituto Romano de San Michele, seguiram as seguintes saudações em vídeo: presidente da Republica de Cabo Verde, José Maria Neves, Domingos Simões Pereira, presidente do PAIGC. Mensagens escritas do presidente da fundação Amílcar Cabral, Pedro Pires e Rui Semedo, do PAICV.
Em seguida, Franco Ippolito, presidente da Fundação Basso, abriu a sequência das intervenções: Giorgio de Marchis, da Universidade Roma Tre, Filomeno Lopes, escritor e jornalista da rádio Vaticana, Odete Semedo, do PAIGC e, Amedeo Ciaccheri, presidente do Município Roma VIII, que concluiu a sua intervenção, da forma que ninguém estava à espera.
O presidente declarou que vai dedicar uma praça no Município VIII a Amílcar Lopes Cabral. Um grande reconhecimento da figura de Cabral que nos deixou surpreendidos. O público reagiu com uma chuva de palmas de agradecimento ao Presidente Ciaccheri. Em breve a Fundação Lelio Lisli Basso e Tabankaonlus vão organizar um encontro com o presidente Amedeo Ciaccheri para seguir o andamento da realização dessa proposta.
Entre os vários testemunhos, a intervenção da ex-Ministra Odete da Costa Semedo ,da Guiné-Bissau, envolveu particularmente o público, abrindo uma nova perspetiva histórica e humana sobre Cabral como Homem de Paz. Gianni Tognoni, secretário do Tribunal Popular Permanente, concluiu as intervenções com um discurso de meditação profunda sobre a paz mundial. A moderadora do evento foi a socióloga cabo-verdiana Maria José Évora
O encontro terminou com uma peça teatral concebida e dirigida por Jorge Canifa, intitulada: “Cabral morreu?”. A performance contou com a participação de jovens da comunidade de Roma (Linda Évora, Catia Dos Santos, Cateline Almada, Anna Spencer, Linda Évora, Dulcineida Gomes, Maria Gomes), todas envolvidas no testemunho de Cabral como líder, poeta e herói do Povo. A apresentação foi muito comovente pela sinceridade e participação dos intérpretes.
Convívio final com um brinde à amizade dos Povos, acompanhando com um saboroso buffet das especialidades, Cabo Verde, Moçambique, Brasil e Itália.